Opinião

'O negócio se aproveita do carisma do agro, mas não o defende quando é atacado'

O presidente da Aprosoja SP, Gustavo Chavaglia, se manifesta a respeito de críticas que o setor produtivo vem sofrendo de alguns participantes da própria cadeia

A maioria das empresas do agronegócio são internacionais e poderiam defender a produção brasileira lá fora, apenas levando a informação correta. Mas não o fazem, pois, nessa hora são só “o negócio”.

Para piorar, contrariam o próprio discurso de que é necessário fazer parte da solução e não do problema, criam moratórias e publicidade negativa e não trazem solução para o agro. Eles se mantêm isentos e “pagando de bons moços”.

Gustavo Chavaglia
*Gustavo Chavaglia é produtor rural, empresário, presidente da Aprosoja SP, coordenador da Comissão de Cana-de-açúcar da Faesp e diretor conselheiro da Canoeste. Foto: divulgação

Como construir uma “bandeira de salvação?”

  1. Construir uma narrativa
  2. Publicar uma pesquisa
  3. Posicionar-se como vítima
  4. Encontrar um culpado
  5. Criar uma coalizão
  6. Propor o que não dá pra resolver para dizer que tentou

Porém, resolver são outros quinhentos…

Toda a “nova cultura” do consumidor internacional (Europa) é defendida por painelistas de diversas entidades do negócio do agro, os quais são fabricantes de insumos para o produtor rural brasileiro e usam desta plataforma (produtor rural ) para seus negócios – seja de jusante (esmagadoras/exportadoras) a montante (fabricantes/importadoras). Suas necessidades, em quase sua totalidade, são apresentadas e impostas por esses mesmos players internacionais, que divulgam dados distorcidos, juntamente com Ongs internacionais, a fim de impedir a expansão brasileira na cadeia de suprimentos e principalmente do produtor rural, transformando este em um gerente de produção à mercê de mercados e restrições por eles mesmos impostos a seus consumidores.

Depreciando a agricultura brasileira e, consequentemente, os preços.

Ademais, a Europa e seus “investidores” querem lucros ou querem perder dinheiro?

Para que não sufoquem a agricultura de países desses mesmos investidores, os quais têm negócios em diversos países, se faz necessário contemporizar a produção brasileira para que não desmorone seus negócios em outros países de origem. Uma das forma de se inviabilizar um concorrente é através de ataques ambientais .

Não adotaremos a retórica de que países não fizeram sua preservação, ou somente agora estão preocupando com as emissões. Mas também não aceitaremos essa “nova cultura” imposta meramente por interesses econômicos.

Temos problemas, sim, e serão enfrentados. Mas, por anos de descaso, levará um tempo para ser consertado. Mas uma minoria, que sequer corresponde a 2% da produção brasileira, não pode representar a maioria.

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