O prejuízo provocado pelo embargo chinês à carne bovina brasileira é de US$ 1 bilhão de dólares, de acordo com o diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira.
O veto à carne bovina do Brasil começou em 4 de setembro e foi derrubado nesta quarta-feira (15).
Segundo Ferreira, que apresentou dados do Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em mais de 100 dias, o país deixou de exportar, pelo menos, 200 mil toneladas de carne bovina ao gigante asiático, principal cliente do Brasil.
“De janeiro a setembro, o Brasil foi crescendo, mês a mês, nas exportações de carne bovina. Em setembro atingimos o pico de 186 mil toneladas embarcadas. Em outubro e novembro, as exportações derreteram. A China é responsável por 50% das compras da carne bovina brasileira disponível no mercado internacional. O que os cem dias representam? O Brasil deixou de exportar, pelo menos, 200 mil toneladas. E o quanto isso representa em receita cambial? Aproximadamente US$ 1 bilhão de dólares a menos. O prejuízo foi grande”, disse.
Segundo o diretor de conteúdo do Canal Rural, o Brasil vai terminar o ano próximo do resultado do ano passado, mas isso não significa que país foi bem. “Perdemos a oportunidade bater o recorde”, afirmou.
“Nós precisamos recompor o confinamento e o ritmo de abate. Vamos conseguir recompor? Em que ritmo? É preciso assumir que houve um prejuízo. Deixamos de abraçar uma oportunidade e superar o ano passado facilmente”, alertou.
A suspensão dos embarques para a China foi decidida pelo próprio governo brasileiro, depois do registro de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como vaca louca.
Dois dias depois, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve o status do Brasil do país “com risco insignificante” para a doença. A conclusão foi que não houve contaminação entre os animais.
Suínos
Ainda falando sobre carnes e China, Giovani Ferreira destacou os suínos. Neste ano, o Brasil deve bater o recorde de exportação da proteína. “Nós estamos torcendo para ultrapassar a marca de 1 milhão de toneladas exportadas, para uma receita cambial que já é histórica, de US$ 2,36 bilhão de dólares”.
Assim como no caso do bovino, o suíno brasileiro também tem a China como principal cliente. “Com a retomada da compra de carne bovina pela China, é possível reduzir o volume de carne suína? É, pode impactar”, disse.
O diretor do Canal Rural também citou que o gigante asiático está recompondo o plantel interno de matrizes. “Por causa da peste suína africana, a China precisou abater parte do plantel doméstico e recorreu ao mercado internacional, especialmente ao Brasil. Com a recomposição interna, isso pode afetar a demanda pela proteína brasileira”, explicou.
Outro desafio citado por Giovani Ferreira foi a decisão anunciada nesta quarta-feira pela China de aumentar as tarifas de importação sobre a maioria dos produtos de carne suína em 2022. As tarifas para as nações mais favorecidas voltarão a 12% em 1º de janeiro, ante 8%.
“Tudo sinaliza para um ano bem desafiador para o suíno em 2022”, concluiu.