O acordo também deve trazer a habilitação de mais 17 frigoríficos para exportar para o país asiático a partir de junho, totalizando 26 plantas. Deverão ser nove plantas de bovinos, sete de aves e uma de suínos. A visita do primeiro-ministro chinês ao Brasil foi marcada pela assinatura de 35 acordos bilaterais. Um deles determinou a liberação do comércio de carne bovina para o país. O embargo da China estava em vigor desde 2012.
– Sem dúvida nosso pujante setor agropecuário tem condições de contribuir muito mais para a segurança alimentar dos chineses. Reiterei ao primeiro-ministro o nosso interesse em tornar efetivo e ágil nosso processo de habilitação de novos estabelecimentos brasileiros produtores de carnes bovinas, suínas e de aves – destaca a presidente Dilma Rousseff.
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, combinou com o ministro da Administração de Inspeção de Qualidade e Quarentena da China, Vhi Shiping, de visitar o país em junho para buscar a autorização das demais plantas que não foram habilitadas hoje. Cada uma das 26 plantas estimadas tem potencial para gerar US$ 20 milhões em negócios por ano, o equivalente a US$ 520 milhões no total.
– Também estamos negociando transgênicos. Eles querem regras próprias para produção de transgênicos – afirma.
Segundo a ministra, está se negociando um acordo de cooperação entre a Embrapa e os chineses para isso. Essa negociação ocorrerá no fim do dia entre ela e Han Changfun, ministro da Agricultura da China.
Ferrovia
Os dois países assinaram também um ato que prevê o início dos estudos para a construção de uma ferrovia transcontinental, que pretende cruzar o Brasil no sentido leste-oeste, ligando o Oceano Atlântico ao Pacífico pela América do Sul.
– Convidamos as empresas chinesas a participarem dessa grande obra, que sairá de Campinorte, lá, na Ferrovia Norte-Sul, passará por Lucas do Rio Verde, atingirá o Acre e atravessará os Andes, até chegar ao porto, no Peru. Um novo caminho para a Ásia se abrirá para o Brasil, reduzindo distâncias e custos. Um caminho que nos levará diretamente, pelo Oceano Pacífico, até os portos do Peru e da China – ressalta.
Os governos brasileiro e chinês anunciaram a intenção de criar um fundo para investimento em projetos de infraestrutura por meio de um acordo entre a Caixa Econômica Federal e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês). Segundo o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima, o valor de investimento para o fundo pode ser de até US$ 20 bilhões.
– O primeiro-ministro Li Keqiang se referiu a um fundo entre US$ 10 e 20 bilhões da parte chinesa, que poderia ser disponibilizado para financiar projetos de infraestrutura e capacidade produtiva.
Indústria de esmagamento
Mato Grosso do Sul e China também acertaram um acordo para a instalação de uma indústria de esmagamento de milho e soja no estado. O projeto prevê o processamento de 5,4 milhões de toneladas de grãos, que serão utilizadas pelo setor de conservação de alimentos.
– É um grande empreendimento industrial na área de esmagamento de produtos, que são as matérias-primas produzidas no Mato Grosso do Sul, sendo que 95% desse produto com destino de exportação para China, para abastecer o mercado local. Parte dessa indústria vem da China, está no Porto de Santos e, nos próximos dias, eles darão início a construção dessa obra, que será localizada no município de Maracaju – explica o governador do estado, Reinaldo Azambuja.
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