Completando 100 anos no Brasil, a Nestlé -empresa suíça do setor de alimentos e bebidas – anuncia mais uma medida para tornar suas operações cada vez mais sustentáveis no país e contribuir para a produção do alimento do futuro, com qualidade e responsabilidade. Em parceria com a Embrapa, a empresa será pioneira no desenvolvimento do primeiro protocolo nacional para pecuária de leite de baixo carbono.
A iniciativa envolve o desenvolvimento de guias e materiais com orientações para os produtores, além de uma calculadora que mostrará o balanço de carbono equivalente das propriedades leiteiras em diferentes biomas e sistemas de produção. A parceria também prevê, ainda em 2021, um piloto inovador para desenvolver as primeiras fazendas de leite Netzero para emissões do país.
O projeto integra o compromisso global da Nestlé de neutralizar todas as emissões de suas operações, incluindo suas cadeias de fornecimento, até 2050, com metas intermediárias de redução de 20% até 2025 e de 50% para 2030.
O protocolo envolve olhar para diferentes frentes da produção leiteira nacional, que leva em consideração questões como manejo do solo, transporte, manejo e alimentação dos animais, manejo dos dejetos, entre outros. A calculadora, por exemplo, será capaz de traçar, de acordo com as características de cada região ou bioma e adaptada aos diferentes sistemas de produção, o perfil de emissões de cada propriedade, o que vai possibilitar a criação de planos individualizados de atuação para redução em cada uma delas.
A Nestlé já realiza, desde 2018, a medição do foot print das fazendas de leite no Brasil e já conduz um trabalho com um olhar para diminuir as emissões em suas cadeias de fornecimento, com resultados positivos de redução de emissões por litro de leite produzido nestes últimos dois anos. No entanto, a ferramenta utilizada tem como base indicadores globais sem foco em climas tropicais, portanto não traduz 100% da realidade brasileira.
“Atualmente, não existe nenhuma ferramenta que consiga mensurar de forma realista e adaptada para a realidade brasileira as emissões geradas em propriedades leiteiras. Nosso objetivo, como uma das principais empresas captadoras de leite do Brasil, é justamente, por meio de uma parceria com uma instituição de credibilidade e renome internacional, criar um protocolo com diretrizes claras para a produção de leite de baixo carbono, de forma que os produtores tenham visibilidade de onde estão concentradas as emissões e para que possamos trabalhar juntos na direção de mitigá-las o máximo possível. Nós, como Nestlé, queremos conscientizar e trabalhar junto com a sociedade e as instituições especializadas para tornar nossa cadeia de fornecimento de leite o mais sustentável possível, com um legado positivo para todos”, afirma a gerente de Desenvolvimento de Fornecedores e Qualidade da Nestlé Brasil, Barbara Sollero.
Para o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento Alexandre Berndt, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), a produção de leite de baixo carbono é um objetivo ousado, e a Nestlé, em parceria com a Embrapa, está no início dessa trajetória. “Para se chegar ao leite de baixo carbono é preciso adotar diferentes tecnologias, boas práticas de manejo na fazenda, nutrição, estrutura de rebanho e uso de sistemas integrados e florestas plantadas. O protocolo envolverá ações coordenadas para que os produtores incorporem na fazenda ferramentas e práticas sustentáveis de produção”, destaca Berndt, que também é gestor da parceria na Embrapa.
A adoção de tecnologias e boas práticas é capaz de compensar as emissões de gases de efeito estufa geradas pela atividade leiteira e ainda pode tornar o sistema de produção mais resiliente, trazendo vantagens econômicas para o produtor. A Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP) será responsável pela adaptação de modelos matemáticos e métricas que, por meio de um componente de software, serão integrados à calculadora que vai contabilizar o balanço de carbono na propriedade.
“Com isso, oferecemos ao produtor um instrumento para medir o resultado das estratégias de manejo que ele está utilizando e evitar que tome decisões no escuro, sem a segurança quanto aos benefícios que podem ser gerados”, explica o pesquisador Luís Gustavo Barioni.