Pecuária

Ihara entra no setor de pastagens e lança seis produtos de uma vez

Herbicidas, inseticidas, adjuvante e produto voltado para tratamento de sementes estão no portfólio. Empresa já planeja novos insumos até 2027

pastagem para produção de leite
Foto: Joseani Mesquita Antunes/Embrapa

O Brasil possui, aproximadamente, 200 milhões de hectares de pastagens nativas e implantadas, conforme a Embrapa. No entanto, tal potencial agropecuário encontra sérios desafios para atender a demanda externa, cuja tendência é de aumento nos próximos anos.

Prova disso é que, até 2024, espera-se que o PIB per capita internacional aumente cerca de 19%, ao passo que a disponibilidade de todas as carnes por indivíduo terá incremento de apenas 3%. “O cenário internacional é comprador e, na falta da proteína bovina, o mundo vai adquirir novas carnes”, acredita o proprietário e consultor da Athenagro e Fundador do Rally da Pecuária, Maurício Nogueira, em palestra de lançamento do portfólio da Ihara para pastagens, em Atibaia (SP).

Segundo ele, o estimado é que até 2030 o Brasil passe a exportar mais de três milhões de toneladas de carne bovina por ano. Contudo, para atingir esse número e superá-lo posteriormente, alguns obstáculos precisam ser rompidos:

  • Degradação da pastagem
  • Falta de fertilidade das vacas
  • Melhora do aporte gerencial da propriedade

Esses três problemas podem ser resumidos em um conceito maior: baixa produtividade. “A média brasileira de produtividade gira entre 4,5 e 5 arrobas por hectare/ano. Há um espaço muito grande de avanço. Chegar a 15, 20 arrobas por hectare/ano não é nada absurdo. Podemos triplicar ou quadruplicar a produtividade atual”, considera o proprietário e consultor na NTC Consultoria, Neivaldo Cáceres.

De acordo com ele, para que isso aconteça, o pecuarista vai ter de produzir cada vez mais com menos terra e a adoção de novas tecnologias vai ser fundamental neste processo.

Aporte de peso

Na tentativa de suprir a carência do setor, uma nova empresa acaba de entrar no mercado de produtos voltados à melhora da saúde dos pastos: a Ihara. A companhia, já quase sexagenária, possui ampla atuação em soluções voltadas à agricultura e, agora, arrisca os primeiros passos na pecuária.

Da esqueda para a direita: a jornalista Kellen Severo; Maurício Nogueira (Athenagro); Neivaldo Cáceres (NTC Consultoria); e Guilherme Moraes (Ihara). Foto: Divulgação Ihara

Como tem sido de praxe nos últimos anos, a chegada da marca no setor vem de forma agressiva com o lançamento simultâneo de seis produtos, todos com tecnologia japonesa, sendo um para tratamento de sementes, dois herbicidas, dois inseticidas e um adjuvante.

Conheça os novos produtos para pastagens

1. Pureza N: voltado ao tratamento de sementes forrageiras para controle de fungos.

Segundo o gerente de Marketing Regional da empresa, Guilherme Moraes, a tecnologia conta com molécula japonesa e fungicida e nematicida com maior espectro de ação.

2. Invernada: herbicida para controle de plantas daninhas de folhas largas. Juntamente com o Pastoil, novo adjuvante da Ihara, permite o controle de herbáceas anuais ou semi-arbustivas.

3. Palanque: herbicida com alta sistematicidade e sal com maior performance. Utilizado para arbustivas lenhosas e controle localizado no toco.

4. Pastoil: óleo com quebra de tensão superficial maior. Possui alta absorção e penetração de plantas daninhas, tanto na folha quanto na casca.

5. Estrela: voltado ao controle de cigarrinhas em pastagens. “O Estrela possui uma molécula inédita que age no sistema nervoso da praga, causando maior fixação do produto. Tem eficiência no combate a ninfas e adultos”, explica Moraes.

6. Possante: inseticida com molécula japonesa com alta sistematicidade. Controla, também, ovos de cigarrinha. “Dependendo da infestação e reinfestação, é possível bloquear o ciclo, principalmente porque controla todos os estágios da cigarrinha”.

Segundo Moraes, em 2023 a Ihara pretende lançar mais um inseticida foliar e dois herbicidas. Já em 2024, um inseticida e quatro herbicidas. Em 2025, estão planejados dois inseticidas, um herbicida e dois fungicidas foliares para campos de produção de sementes. No ano seguinte, mais um inseticida para controle via tratamento TSI e dois herbicidas. “E futuramente, a partir de 2027, esperamos ter os biológicos para pastagens“, afirma. “São produtos em extensão de bula, processo de registro e investigativo”, pondera.

Ataque de insetos

O ataque de insetos nas pastagens pode gerar perdas de matéria seca, palatabilidade e qualidade da forragem, principalmente quando o agressor é a cigarrinha-das-pastagens. “Temos ataques muito severos e é uma praga comum. Temos de olhar para a quebra de ciclo desse inseto e buscar soluções através de controle. Ainda que existam forrageiras que toleram e resistam um pouco mais a esses insetos, é um grande problema”, destaca o gerente de marketing regional da Ihara.

Cigarrinha das pastagens
Cigarrinha-das-pastagens. Foto: Embrapa

Segundo ele, a pulga saltona, a lagarta spodoptera e a cochonilha também são graves problemas. “Não olhamos apenas para as cigarrinhas. Temos, também, pesquisa e desenvolvimento voltados para as moléculas que combatem essas novas pragas”.

Moraes salienta que pastagem, piquete ou lote que sofre ataque de cigarrinha tem redução garantida de produtividade. “Nesse sentido, a pesquisa mostra perdas de 35% a 40% em áreas atacadas por essas pragas”.

Reforçando a posição do representante da Ihara, Cáceres lembra que a degradação de uma pastagem começa com o aparecimento de plantas daninhas e a perda das forrageiras. “A Embrapa afirma que 60% da área de pastagem no Brasil está com algum grau de degradação, que pode ser um grau leve até um extremo”.

Nesse sentido, o especialista considera que o combate a plantas daninhas é o melhor tipo de investimento que o pecuarista pode fazer. “Sem isso, a pastagem acaba sendo de pior qualidade porque a forrageira compete com a planta daninha, fazendo com que o capim sofra mutação morfológica e acabe gerando mais talos do que folhas”, informa Cáceres.

Necessidade de tratamento de pastagens

Com a alta do valor da terra, o pecuarista não tem mais condições de optar por adquirir novas terras em vez de tratar as que ele já possui. “Quando o pecuarista trabalhava na faixa de mil, dois mil reais o hectare, ele não adotava tecnologias porque era mais conveniente comprar novas áreas do que investir em tecnologias de tratamento. Hoje ele não pode mais se dar a esse luxo”, aponta Cáceres, da NTC Consultoria.

“Muitas vezes o produtor não se dá conta das perdas que está tendo pela falta de controle de plantas daninhas, por exemplo. Ele precisa se lembrar que o alimento mais barato do boi é o capim e antes de ser um bom produtor de carne, leite e bezerro, é preciso ser um excelente produtor de capim”, afirma.