Leite

FPA aprova acordo Mercosul-UE mas cobra apoio a produtor prejudicado

Segundo o presidente da bancada, Alceu Moreira, é necessária uma política governamental que evite que cadeias produtivas tenham prejuízos

Alceu Moreira, FPA
Foto: Alan Santos/PR

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira (MDB-RS), considerou uma “grande vitória” o acordo entre União Europeia e Mercosul, mas disse que setores que poderão ser prejudicados, caso do leite, terão de ter apoio. “É certo que um acordo, fechado após 20 anos, é o melhor texto de consenso possível, mas sem pretensão de ser unanimidade”, diz.

Segundo Moreira, é necessária uma política governamental que evite que cadeias produtivas tenham “prejuízos de funcionalidade”. “É preciso criar um colchão de proteção, uma inteligência estratégica e governança agroindustrial”, defende.

O Mercosul também precisa resolver problemas de assimetria tributária dentro do bloco, diz o parlamentar. “Não posso comprar um trator que no Paraguai é 46% mais barato porque aqui tenho 38% de tributo sobre o produto”, enfatiza.

Moreira cita os setores de suco de laranja, frutas e carnes como os que devem ter ganhos de mercado com o acordo Mercosul-UE. “Para carne bovina, por exemplo, se passa pelo mercado europeu, carimba a qualidade da carne, e isto é uma pressuposto para você vender para o resto do mundo. Isso para nós é importantíssimo, é fator de marca”, afirma.

Do lado do leite, entretanto, existe preocupação. “Ao mesmo tempo em que abrimos mercado para o suco de laranja, nós vamos ter que produzir equilíbrio para que o produtor de leite não seja prejudicado”, diz Moreira.

Atualmente, a Argentina produz 13 bilhões de litros de leite, com 12,8 mil produtores, enquanto o Brasil produz 39 bilhões de litros de leite, com 1,250 milhão de produtores. “Nossa cadeia produtiva está espalhada, não temos escala”, assinala. “Temos que achar um modelo de transição que estabeleça condomínios entre os pequenos para ter escala. Para isso, tem que ter assistência técnica, melhora da qualidade genética, manejo adequado, financiamento de longo prazo, para o produtor poder ser competitivo. Enquanto não tiver isso, tem que protegê-lo.”

Moreira destaca, porém, a necessidade de melhora constante na produtividade. “Pode ser pequeno proprietário, mas tem que ser grande produtor: produzir o máximo que consegue. Quem não tiver foco não pode estar na atividade.”