A alta nos custos de produção do leite e a baixa remuneração pelo produto são problemas em toda a região Sul do país. Enquanto os preços com a alimentação animal sobem, os valores pagos pelo litro estão estagnados, apesar da fixação de preços pelo Conseleite.
Na propriedade de Rafael Carlin, no município de Chopinzinho, no sudoeste do Paraná, são produzidos 2,7 mil litros de leite por dia.O produtor conta que é um desafio se manter na atividade, em função do aumento dos custos de produção do leite. “Vivemos o que eu imagino que os produtores do país inteiro estejam vivendo. Hoje o custo de produção está muito acentuado, com preços de farelo de milho, soja e minerais, tivemos um aumento em torno de 15%”, disse.
Segundo Rafael, a pandemia trouxe muitas incertezas para quem produz leite. “Nós não temos um norte, não sabemos onde isso vai parar”, disse. O produtor relata que não consegue se planejar, pois não sabe quanto vai receber pelo litro do leite. “A produção de leite é uma atividade que sempre vive na incerteza. Vejo o nível de incertezas aumentando e a manutenção da saúde financeira não consegue ter planejamento algum”, completou.
Rafael solicita medidas para melhorar o diálogo com as indústrias, através do Conseleite do Paraná.
O produtor de leite Amarildo Bassani, do município de Araruna, também no Paraná, conta que a família trabalha há 40 anos na atividade leiteira. Ele faz parte da terceira geração e está satisfeito com a produção, mas o problema é a comercialização. “Estamos com 85 vacas lactantes e a produção está excelente. O problema é que a maioria das indústrias do estado não respeita os valores fixados pelo Conseleite”, disse.
O produtor Egon Grings, de São João do Oeste (SC) revela a mesma preocupação que os produtores do Paraná. Ele se orgulha da qualidade do leite que sai da fazenda da família, mas os preços recebidos deixam a desejar.
Situação semelhante à vivida pelas irmãs Carla e Carline Ehrenbrink, na cidade de Estrela, no Rio Grande do Sul. Elas relatam que a atividade é cada vez mais difícil porque não conseguem prever quanto vão receber e muito menos planejar os investimentos. “Os laticínios fizeram uma reserva de valores e conseguem hoje repassar isso pra nós. Não estão levando em consideração o que o Conseleite manda”, diz Carline.