Muita gente pensa que a emissão de gás metano (CH4) e gás carbônico (CO2) pela bovinocultura acontece através do “pum” dos animais, mas, estudos mostram, mais de 90% desses gases produzidos pelos ruminantes são emitidos por boca e narinas, por eructação, o popular arroto. Por ano, a média de metano lançada no ar por cada animal chega a 54 quilos de gases. Um carro 1.0 precisa rodar 3.500 km para produzir a mesma quantidade de poluentes.
Esses gases contribuem para o efeito estufa da Terra, agem como uma espécie de cortina de gás que vai da superfície terrestre em direção ao espaço, impedindo que a radiação solar escape para fora do planeta, aquecendo o planeta e fazendo da pecuária uma vilã do meio ambiente.
Pensando em diminuir a emissão desses gases prejudiciais, a Embrapa Pecuária Sudeste está desenvolvendo uma pesquisa para compreender os impactos de diferentes sistemas de produção sobre a emissão dos gases de efeito estufa (GEE). Através de um equipamento fabricado nos Estados Unidos, conhecido por GreenFeed, é feita a coleta e medição, em tempo real, das matérias emitidas pelos animais.
Como funciona
O cocho automatizado fornece uma pequena quantidade pré-programada de ração para atrair o animal. Ao inserir a cabeça, o bovino é identificado por meio da leitura do brinco eletrônico. No mesmo instante, um ventilador começa a aspirar o ar exalado pelas narinas e boca do animal. No interior do equipamento, sensores medem na hora as concentrações dos gases, o volume emitido e outros parâmetros ambientais. Os dados são registrados num computador e também podem ser enviados por meio de tecnologias sem fio para estações remotas.
Para a Embrapa, o uso do cocho vai permitir que se detecte de forma mais precisa e com maior rapidez quais dietas são mais eficientes para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa pela pecuária.
Alimentação
O zootecnista Leandro Sakamto explica que a emissão de metano acontece pela perda de energia do animal. Ele salienta que a qualidade da alimentação dos bovinos influencia na propagação de gases.
– Se o animal não consumir uma ração ou pasto de boa qualidade, ele tem um maior gasto de energia, o que contribui para a emissão do metano. Por esse motivo, a alimentação é fundamental – explica ele.
A pesquisadora da Embrapa Patrícia Anchão de Oliveira conta que um projeto pretende verificar a possibilidade da inclusão de aditivos na dieta dos animais. Ela explica que o resíduo das indústrias de biodiesel contribui para a diminuição das emissões de metanos. Além de suplementos encontrados em taninos, nitratos e leguminosas cumprirem o mesmo papel.
Dados preliminares da pesquisa indicam que o aumento da eficiência com manejo adequado da pastagem, alta produtividade e redução da demanda por novas áreas de pastagens têm contribuído para uma pecuária mais sustentável