Frente à recente disseminação dos casos de coronavírus na China e em outros países e a preocupação imediata de todos os elos do setor de proteína animal, junto aos impactos da peste suína africana (PSA) já enfrentados pelo mercado global desde o ano passado , o Rabobank, instituição financeira reconhecida por realizar pesquisas no âmbito do agronegócio, divulgou nesta semana um estudo que traz um panorama atualizado sobre os efeitos que ambas as doenças devem gerar sobre o mercado chinês este ano e o que pode impactar nas exportações do Brasil.
Segundo a instituição, em 2020, a peste suína africana continuará sendo a questão principal de atenção relativamente ao mercado de proteína animal no mundo e o coronavírus tem complicado esse panorama. A doença está trazendo mais incerteza e volatilidade para o mercado, afetando a produção, distribuição, consumo e comércio chineses no primeiro trimestre. No entanto, a projeção do banco é de que a doença vai estar sob controle logo no primeiro trimestre e com forte recuperação já no segundo trimestre de 2020.
Como impactos do coronavírus na produção de suínos na China, o desacelerar após escassez de mão-de-obra e utilização total de freezers. Rabobank prevê que durante o primeiro trimestre do ano haverá fechamentos de mercado, bloqueios de estradas e as operações portuárias serão afetadas.
Além disso, o reabastecimento deve ficar atrasado e a construção de novas granjas, em espera. A estimativa é de queda na produção de carne suína entre 15% e 20%. Tudo isso deve interromper o fornecimento de alimentos e o transporte de suínos vivos na China. Espera-se a recuperação do comércio no segundo trimestre. O reabastecimento, a mão de obra e transporte devem ser normalizados também na segunda metade do ano.
Em relação à peste suína africana, a doença continua se dispersando pela Europa, com novos casos relatados na Grécia e outros focos próximos à fronteira da Alemanha, e Ásia, com focos mais preocupantes concentrados nas Filipinas. O potencial da PSA de impactar na produção, no comércio e no consumo se mantém ao longo de 2020.
Comércio Global e Importações na China Além dos impactos do coronavírus e da PSA, o Rabobank aponta que o comércio global, em particular as importações da China, vão ser influenciados pelo acordo comercial entre China-Estados Unidos e a gestão das autoridades chinesas dos preços domésticos da carne suína no primeiro semestre de 2020.
De acordo com as projeções do banco, as importações de carne suína na China devem crescer ainda mais neste ano. “Apesar das interrupções no início do ano, mantemos a visão de que a China importará um nível recorde de carne suína em 2020. Isso ocorre porque o suprimento doméstico de carne suína da China cairá ainda mais e outras proteínas substitutas enfrentam seus próprios desafios devido ao coronavírus. A China precisará importar mais carne suína para ajudar a cobrir a lacuna na oferta doméstica.”, apontou o Rabobank na pesquisa, informando também que o Brasil deve exportar cerca de 300 mil toneladas para a China neste ano.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, Marcelo Lopes, é de extrema importância que os produtores de suínos brasileiros, assim como os demais integrantes da cadeia de valor, ampliem a visão sobre o mercado e acompanhem com atenção o que acontece no cenário internacional. “A China é o maior produtor e consumidor de carne suína no mundo. Por isso, tudo o que afeta o país, consequentemente influencia na dinâmica de mercado de outros países e também na nossa produção, principalmente no momento atual, com uma demanda mais forte devido à questão do coronavírus e da PSA”, observou.