A precipitação média anual em Goiás é de 1.588 mm. Excluindo-se a evaporação, sobrariam 472 mm que, se não fossem represados, seguiriam pelos rios do estado em direção ao mar.
– Essa água é estancada para utilização durante o período seco. É uma técnica segura, de baixo impacto ambiental, porque são barramentos pequenos e médios, de até no máximo 90 hectares – explica o engenheiro agrônomo Hiran Moreira.
Segundo o Sindicato Rural de Cristalina, 90% dos produtores que irrigam no município utilizam o sistema de represas. No total, são 170 barragens que abastecem 5,3 mil hectares, mas a capacidade de reúso da chuva vai muito além, porque apenas 10% dessas áreas são reaproveitadas.
– O Brasil tem muita água. Aqui nós temos água suficiente pra fazer essa irrigação e fazer mais. O que nós precisamos é fazer uma gestão correta dessa água. Armazenando o excesso de água de chuva pra irrigação, em Cristalina nós estamos usando no máximo 10% ainda dessa água que iria pro mar. Então nós não estamos prejudicando nada – comenta o presidente do sindicato rural da cidade, Alécio Maróstica.
O produtor interessa em ter uma barragem precisa de dois documentos: licença ambiental e outorga, cedidos por órgãos do governo, mediante estudo que comprove que o uso da água não vai afetar a sustentabilidade dos rios.
Os custos na construção giram de R$ 1 mil a R$ 4 mil para cada hectare a ser irrigado. O investimento compensa, de acordo com o pesquisador de eficiência de uso da água na agricultura da Embrapa Cerrados Vinícius Bufon. Ele afirma que os resultados beneficiam não apenas a agricultura, mas também a produtividade das nascentes que estão abaixo das represas.
– O Brasil não precisa inventar a roda. Basta que a gente siga o exemplo de países desenvolvidos que investiram em infraestrutura hídrica, há muitos anos, e que hoje colhem os frutos. Chile, Espanha, Israel, Índia, Estados Unidos, a Europa como um todo, todos eles investem massivamente em infraestrutura hídrica de barramento para regularizar a vazão, o volume de água ao longo do curso do rio – afirma Bufon.