A expectativa dos pecuaristas para 2017 era de que o preço da arroba do boi gordo melhorasse com o passar do tempo, mas isso acabou não acontecendo por causa dos fatores políticos e econômicos, gerando uma queda de até 30% no valor. Segundo analistas ouvidos pelo Canal Rural, a expectativa é de que o setor de sinais de melhora só no final do ano.
“A deflagração da operação Carne Fraca, o retorno da cobrança do Funrural – que já desconta direto na fonte 2,3% do pecuarista – e por fim a delação que complicou tanto o cenário macroeconômico no Brasil, acabaram prejudicando o mercado do boi gordo”, disse a diretora da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel.
Na visão do analista de mercado César de Castro Alves, mesmo sem esses acontecimentos o mercado estava na expectativa de um volume maior de gado proto. “A pecuária está entrando num momento de transição de ciclo, só que a queda mais forte da arroba está acelerando esse processo”, disse.
Com todos esses fatores, o primeiro semestre chegou ao fim e o preço da arroba não melhorou. “O que a gente precisa, na verdade, é um segundo semestre com preços um pouco mais altos, porque há um maior valor agregado no boi gordo, já que ele é engordado com grão e terminado em confinamento com algum tipo de suplementação”, avaliou Lygia.
Em São Paulo, a arroba do boi gordo tem sido cotada a R$ 125. No mesmo período do ano passado, estava em R$ 153. Para Castro Alves, mesmo com a queda, segurar o boi é um risco. “A oferta de gado está crescendo porque o frio chegou e não há mais como segurar esses animais que vinham sendo retidos. Não há mais como segurar esse animal, porque ele vai começar a perder peso agora e, do lado da demanda, o consumo está fraquíssimo e a exportação também passou a ser uma dúvida mediante às últimas notícias que envolvem os questionamentos dos nossos grandes compradores a respeito do sistema de fiscalização e tudo isso.”
Para o produtor que não quiser se submeter aos baixos preços, a recomendação dos especialistas é investir em suplementos minerais para manter o gado por mais um tempo no confinamento. Mesmo assim, esta alternativa não é garantia de uma melhor remuneração para o pecuarista e só serve para quem está capitalizado.
O futuro ainda é incerto, mas, segundo a analista,se não chegarem mais notícias ruins por conta dos importadores, pode haver uma melhora a partir de outubro. “Assim, não vamos ter esse efeito de safra com muito volume de gado e teremos, talvez, uma janela de oportunidade pelo menor confinamento”, completou.