Uma alternativa econômica para os produtores que poderia gerar um litro de biodiesel até 25% mais eficiente. Mas veículos velhos e falta de mão de obra decretaram o fim da pesquisa. Nilson Leal de Oliveira, funcionário do almoxarifado da unidade, lembra quando tinha mais de 50 colegas. Restam sete e, destes, quatro estão prestes a se aposentar. Ele mesmo já poderia ter parado há oito anos, mas resolveu continuar e hoje acumula cinco atividades.
– Muitos se aposentaram, morreram, se transferiram pra outra unidade. Na época que comecei eram 50 funcionários, hoje tem meia dúzia. É uma pena. Eu não queria que acabasse, mas hoje agricultura tá esquecida – lamenta Nilson.
O funcionário diz que quer se aposentar neste ano, mas se entristece porque sabe que ninguém ficará no seu lugar.
– Se eu sair, este cargo acaba. Eu queria que ficasse alguém, mas não tem concurso. É complicado, né…
A mesma falta de funcionários que parou uma pesquisa inovadora e com ótimo potencial de geração de emprego e renda afeta várias unidades de extensão rural e assistência técnica no estado de São Paulo. Em Juquitiba, por exemplo, a Casa da Agricultura funciona em uma sala cedida pela prefeitura. É numa pequena sala, com paredes mofadas e computador emprestado, que uma única funcionária atende cerca de 100 produtores por mês.
A coordenadora Casa da Agricultura de Juquitiba, Maria Márcia dos Santos, conta que frequentemente tem que atender os agricultores do lado de fora da casa.
– Vem um, vem dois, aí eu vou atender lá fora pra poder conversar e dar melhor assistência. Não vou dizer que é fácil não. É bem complicado – diz Maria Márcia.
Ainda assim, para os produtores rurais de Juquitiba, a existência de uma técnica disponível para atender suas dúvidas e problemas é fundamental, como aponta a agricultora Satiko Kitamura.
– É ela que me ajuda. Eu venho aqui toda semana ou falo por celular com ela. Ela se vira bem porque o espaço é pequeno aqui.
A própria regional da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Registro, responsável pelos municípios de Águas de Santa Bárbara e Juquiti, não está em situação muito melhor que os outros exemplos já mostrados nesta série de reportagens.
O prédio antigo, de três andares, chegou a ter quase 100 funcionários no passado. Hoje parece mais um casarão abandonado, com inúmeras salas vazias e menos de 30 funcionários. Veículos antigos, estragados, fazem número no pátio. Até a limpeza no telhado é feita com equipamento particular do diretor.
A regional de Registro, a 200 quilômetros da capital, é responsável por 17 municípios, nem todos com Casas da Agricultura. São apenas 10 técnicos disponíveis, entre engenheiros agrônomos, médicos veterinários e zootecnistas. Pouco para uma região formada basicamente por pequenas e médias propriedades e responsável por 50% da produção de banana do estado de São Paulo.
Aposentado em 2013, Luiz Penteado foi o diretor da regional durante 15 anos. Ele lembra com saudade dos tempos em que a agricultura era bem mais valorizada.
– Nós tínhamos os 17 municípios atendidos com as casas da agricultura, 150 funcionários. Hoje, se tiver 30 é muito. Em épocas de crise, chega ao ponto de o agricultor dar 10 litros de combustível para o técnico poder ir atender a propriedade dele.
Uma opção que, ao que tudo indica, deixará de existir num futuro próximo. O secretário da Agricultura de São Paulo, Arnaldo Jardim, não acredita na estrutura tradicional da assistência. Para ele, ela deve ser substituída pelas novas tecnologias.
– Ter um grande contingente de técnicos que visitam de propriedade em propriedade para ir ali ensinar uma coisa, não há jeito de reproduzir isso. Hoje o produtor rural tem acesso à informação instantânea, os sites passaram a ter acessos muitos grandes, nós vamos ter que promover um choque de utilização desses instrumentos. Talvez trazer o produtor até aqui e utilizar muito as estruturas de representação. É o que eu imagino como forma de fazer com que este conhecimento possa chegar a ponta gerar agregação de renda e tudo mais.
Temos 40 escritórios regionais, isso não tem sentido porque nós não temos gente e não há necessidade de ter este número de escritórios.
José Carlos Rossetti, coordenador da Cati