A colheita do milho segunda safra segue em ritmo acelerado em Mato Grosso. Mais da metade do total cultivado já foi retirado do campo. Mas nem todo o mundo tem motivo pra comemorar. Em Tapurah, o clima não favoreceu as lavouras, que cultivaram variedades mais precoces.
Carlos Belo, presidente do Sindicato Rural de Tapurah, conta que os produtores esperavam uma produtividade de 120 sacas por hectares e, hoje, não deve ultrapassar as 105 sacas. “Como choveu muito em maio acabou tendo muito milho ardido, por esse motivo, muita chuva e alta tecnologia – quanto mais alta tecnologia é maior a produção, mas é mais suscetível as doenças – foi o que aconteceu conosco aqui na nossa região […] o milho ardido baixou a produtividade e o povo está perdendo na qualidade e no preço também”.
Rafael Alexandre Taca é um dos produtores que aumentou a área de milho segunda safra. Foram quinhentos hectares e investimento em tecnologia, mas acabou frustrado. Ele explica que com a quantidade de grão avariado na classificação do armazém a média de produção ficou abaixo da esperada. “Nós esperávamos fechar uma média acima de 130 sacas por hectare, mas infelizmente pelas proporções dos descontos que chegou, a nossa média geral da fazenda fechou em torno de 95 sacas”.
A situação do produtor é tão grave que falta milho até para honrar os contratos realizados antecipadamente. Rafael Taca precisou apelar para outros produtores que tinham milho de qualidade padrão para conseguir cumprir os contratos sem pagar multas. “É até uma humilhação para a gente pedir favor para um armazém para poder receber um grão que deu má qualidade, infelizmente o clima não ajudou e não podemos questionar muita coisa”.
O produtor rural Waldemar Kirnev foi outro a ter a lavoura prejudicada. Ele acompanha de perto o resto da colheita de milho nos quinhentos hectares e já calcula prejuízo por causa dos grãos ardidos. Vai vender a produção afetada pelo clima por R$ 9 a saca.
“Eu não consigo vender esse milho por um preço normal, tenho que vender ele por um preço abaixo do mercado para eu não ficar com todo o prejuízo. Tenho que dar graças a Deus que eu encontrei um comprador que comprou no preço barato para eu não ter que colher esse milho e jogar fora”, afirma Kirnev.
Para o presidente do sindicato, Carlos Belo, chegar a essa situação é uma decepção. “Estão vendendo milho a preço de nada, gente vendendo a R$ 9 um saco de milho. Isso é R$ 0,15 o quilo, não dá para comprar meia bala”.