A recém reconhecida área é responsável por quase 10% dos grãos produzidos no país, mas ela precisa de investimentos. Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que 80% das áreas agrícolas da região são muito pobres e geram 5% da renda bruta da área. Outras 14% das regiões são pobres e são responsáveis por 8% da renda, e uma minoria (6%) concentra 80% da renda.
As necessidades da região muitas e variadas. Um exemplo é o valor do registro do georreferenciamento, item obrigatório para o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Em Tocantins, ele já caiu 80% (de R$ 8 mil para R$ 1,6 mil), mas ainda há documentos que custam três vezes mais no Matopiba em relação a outras regiões do país.
A questão da infraestrutura também é um ponto que precisa ser melhorado. No Piauí, estado e União não se entendem na questão das rodovias, levando os agricultores a se unirem e investirem recursos próprios para tornar as estradas pelo menos transitáveis.
É o caso da Trancerrados, uma rodovia estadual com mais de 300 quilômetros, que liga duas rodovias federais e é uma importante via de escoamento da produção. Um grupo de dez agricultores investe cerca de R$ 30 mil reais por quilometro. A conta fecha em R$ 1 milhão por ano.
A atividade agrícola do Piauí rende cerca de R$ 1 bilhão de reais em ICMS para o estado. Segundo a Aprosoja, o valor poderia ser maior se o problema da regularização fundiária, que se arrasta há anos fosse solucionado.
– O Piauí tem um cerrado pacífico, os litígios são pontuais e identificados. Nós sabemos quais são os tipos de matriculas do Piauí, onde precisa regularizar, e dizemos com toda segurança que 90% dos litígios são com o próprio estado – diz o presidente da Aprosoja do estado, Moyses Barjurd.
No Maranhão, uma das urgências é a liberação de licenças, que acaba levando muitos produtores a perderem recursos devido à falta de diversos documentos, como licença ambiental.
No estado de 700 mil hectares de lavouras, onde a produção agrícola cresce 10% ao ano, as estradas também são um problema. A MA-006, com quase 300 quilômetros de extensão, é uma importante via por onde a produção do extremo sul segue até o porto de Itaqui, em São Luís – 2 milhões de toneladas de grãos passam pela rodovia, que tem entre os piores trechos este que corta o município de balsas.
Outra demanda do Maranhão é o fornecimento de energia elétrica, que falta em praticamente metade das propriedades rurais. Algumas usam geradores, o que eleva o custo de produção em mais de 5%. Agricultores com mais recursos, acabam pagando caro pelo serviço.
– Eu pessoalmente tive que construir 13 quilômetros de rede de alta tensão para ter energia na propriedade. Gastei R$ 174 mil 16 anos atrás, e depois tive que doar isso para concessionária para que ela pudesse dar a manutenção nessa rede – diz o conselheiro da Aprosoja do estado Idone Grolli.