Os preços do milho no Brasil registraram o maior valor desde maio, atingindo cerca de R$ 28 a saca em praças do Sul e do Sudeste. Para quem ainda não negociou a produção, os analistas de mercado fazem um alerta: a remuneração não deve melhorar mais do que isso.
Na Bolsa de Chicago, a cotação do cereal tem sofrido sucessivas quedas. Havia expectativa de uma quebra na safra americana, mas isso não deve ocorrer. De acordo com o analista José Carlos Hausknecht, da consultoria MB Agro, o último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe a projeção de uma produção acima da expectativa do mercado. “Foi uma ducha de água fria no mercado e os preços caíram por conta disso, tanto de soja quanto de milho”, diz.
Em compensação, os preços no mercado brasileiro subiram na última semana. Hausknecht afirma que está acontecendo um descasamento no mercado, com os agricultores brasileiros segurando a produção, na expectativa de que boas notícias venham dos EUA, como quebra de safra, que ajude a puxar os preços para cima.
A melhora nos preços dá um breve alivio para o produtor de milho, que há meses vem sofrendo com os baixos preços praticados no mercado. Por essa razão, a recomendação de especialistas é aproveitar o momento para escoar a produção.
A analista de mercado Ana Luiza Lodi, da FC Stone, afirma que é preciso ficar atento ao câmbio, uma das principais variáveis. “Os leilões do governo também têm ajudado bastante a escoar o milho, mais de 7 milhões de toneladas já foram vendidas por meio desses leilões”, diz.
Hausknecht, da MB Agro, lembra que os estoques do cereal estão extremamente elevados, e, de alguma forma, isso terá que ser vendido até o fim do ano. ““Vai começar a ter a colheita de soja e você não terá onde armazenar essa quantidade de milho que está estocado hoje em dia. Assim, o produtor tem até dezembro para colocar esse milho no mercado”.
De acordo com a consultoria FC Stone, até a última sexta-feira, dia 18, mais de 3,5 milhões de toneladas do cereal já foram exportadas. No mesmo período do ano passado, o volume foi de 2,5 milhões de toneladas. Apesar do bom momento, quem acompanha o mercado alerta que os preços não devem ter novas altas, principalmente quando a safra norte-americana entrar em negociação.
Ana Luiza Lodi diz que, ao que tudo indica, as exportações serão bem fortes até o fim de agosto que os preços devem ficar pelo menos estáveis. “Eles não têm muito fôlego para subir porque a oferta é muito grande, mas, como as exportações são fortes, devem segurar possíveis quedas”.