O governo russo anunciou nesta quarta-feira (3) que vai restringir as exportações de fertilizantes nitrogenados em volumes estabelecidos por cotas por seis meses.
“A fim de evitar escassez em nosso mercado interno e, como resultado, um aumento nos preços dos alimentos”, justificou o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, em nota, ao anunciar a medida.
Para os nitrogenados, os embarques ficarão restritos a 5,9 milhões de toneladas e para adubos complexos contendo nitrogênio a 5,35 milhões de toneladas. De acordo com a agência de notícias russa Interfax, a medida é válida a partir de 1º de dezembro.
No comunicado, Mishustin destacou que o aumento dos preços do gás natural – insumo utilizado para fabricação de fertilizantes – gera consequências negativas nos mercados mundiais e que parte significativa do custo dos nitrogenados advém do valor do gás natural.
A decisão do governo foi anunciada durante uma reunião governamental transmitida por televisão nesta quarta-feira, após o presidente Vladimir Putin ter cobrado medidas para garantir o abastecimento dos agricultores locais.
Segundo o primeiro-ministro, o governo russo vai adotar medidas de controle aduaneiro para monitorar o cumprimento dos volumes a serem exportados. “O Ministério da Indústria e Comércio terá poderes para distribuir os volumes entre os exportadores. Este trabalho deve ser realizado em conjunto com o Ministério da Agricultura”, explicou Mishustin.
Crise dos fertilizantes
A Rússia é um dos maiores exportadores de nitrogenados do mundo. A medida tende a agravar o aperto na oferta mundial de adubos, somando-se a restrições adotadas pela China e limitações nas exportações da Bielo-Rússia.
Para o Brasil, a Rússia é um dos principais fornecedores de nitrato de amônio e de cloreto de potássio (KCl). No ano passado, o Brasil importou 7,583 milhões de toneladas de adubos da Rússia, respondendo por 22% do internalizado pelo País, segundo dados do Comextat (serviço de estatísticas de comércio exterior do Brasil).
Neste ano até setembro, o adubo russo contribuiu com 23% do total importado pelas indústrias brasileiras, se consolidando como a maior origem com 6,705 milhões de toneladas.