Eleito o senador mais votado pelo estado do Rio Grande do Sul, o deputado Luis Carlos Heinze (PP) teve o apoio de pouco mais de 2,3 milhões de brasileiros no último dia 7 de outubro. Em entrevista ao Direto ao Ponto deste domingo, dia 28, no entanto, disse que é preciso mais consciência política por parte do setor.
“Quem preside um sindicato, quem preside uma cooperativa. Quem é dono de uma cerealista, quem é dono de uma revenda de máquinas, peças. Uma aviação agrícola, enfim, quem vende fertilizante. Esse pessoal tem que ter uma ligação e entender quem representa o setor. Nós precisamos do presidente, governador, deputados federais e senadores. Essas são as instâncias. Tem situações que se resolvem no estado, outras na Câmara, outras no executivo”, reiterou.
Nesse sentido, o entrevistado lamentou a não reeleição de alguns parlamentares, como Valdir Colatto (MDB) em Santa Catarina, Osmar Serraglio (PP) no Paraná e o senador Waldemir Moka (MDB) em Mato Grosso do Sul.
“Estou falando de gente que trabalha. Que arregaça as mangas e fez um trabalho pela agricultura que poucos fazem. A classe produtora tem que entender mais. É uma falta de comunicação, não só nossa, mas das entidades, das empresas”, explica.
Questionado sobre ocupar a cadeira do Ministério da Agricultura no próximo ano, o entrevistado manteve-se neutro, mas aproveitou para comentar sobre seu currículo. “Nesses últimos anos, alguns institutos fazem pesquisa entre os produtores e empresas do agro. Meu nome já foi citado, três ou quatro vezes. Sou técnico agrícola, engenheiro agrônomo. Fui prefeito, deputado e sempre trabalhei na área. Eu sou produtor rural. Mas também sou senador eleito, e hoje posso ajudar a pecuária e a agricultura, a produção dentro do cenário federal”, complementa.
Heinze também explicou os motivos de apoiar Jair Bolsonaro (PSL/RJ), em contradição à decisão do partido de se unir a Geraldo Alckmin no primeiro turno das eleições presidenciais.
“Eu estava acertado com o Bolsonaro com o meu partido quando era candidato ao governo. Tínhamos feito essa coligação. Ele tinha vídeo gravado pedindo voto ao governo. Tenho uma relação forte com ele de 20 anos na Câmara. Por isso, conversei com o presidente do meu partido e com o candidato ao governo e apresentei meu projeto de apoiar o Bolsonaro, porque a grande maioria do partido e da base que me elegeu queria o Bolsonaro.”
Planos futuros
Foco no endividamento agrícola do estado, dívidas a serem pagas pela União e vice-versa, investimento em logística e fomento de parcerias público-privadas são os pleitos que pretende defender no Senado.
“Nós temos problema com ferrovia, desativado mais de 1000 km no Rio Grande do Sul. Nós temos hidrovias que devem funcionar. Temos 1200 km de hidrovia e 500 km funciona muito mal”, lembra.
No âmbito do executivo, Heinze também disse que o futuro Ministro da Agricultura terá de enfrentar questões como o seguro agrícola, o monopólio do mercado em nome de poucas empresas e as relações internacionais.
“O agricultor não aguenta mais, a renda caiu. Produtor de trigo está extremamente desestimulado. Pega o pessoal do algodão, pega milho no Centro-oeste. Não viabiliza plantar. São 40 ou 50 empresas impondo seu preço. Não são empresas locais. É no mundo. E aqui eles botam o preço que eles querem”, fala.
Heinze também comentou sobre a renegociação de dívidas do Funrural, afirmando que acredita ser pouco provável um perdão por parte do executivo, mas que se houver, é preciso ter isonomia com aquele produtor que decidiu aderir ao Programa da Receita e já está pagando.
“Eu espero, não pago e depois prejudico quem já pagou. Isso não deve acontecer. Se houver esse perdão, que sirva para quem renegociou também.