Os rebanhos de suínos da China, que foram afetados pela peste suína africana nos últimos dois anos, tiveram recuperação de mais de 90% dos níveis normais até o final de novembro. A informação foi confirmada pela Agência Oficial de Notícias Chinesa, a Xi-Rúa. Citando o Ministério da Agricultura Chinês, a Agência afirmou que a capacidade de produção deve se recuperar até o primeiro semestre do próximo ano.
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Apesar da recomposição do rebanho chinês, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, tranquiliza os produtores brasileiros e afirma que ainda há sustentabilidade no mercado da China para exportações consistentes pelo menos para os próximos dois anos.
“O Rabobank prevê que a China produza 42 milhões de toneladas no ano de 2021, o que é muito menor do que as 54 milhões que estavam produzindo. E, o fato de estarem repondo o rebanho significa que levará pelo menos um ano e meio ou mais para o produto ir para a prateleira”, relata.
Santin também afirma que a China, país mais populoso do mundo, com o passar dos anos, vai aumentar o seu consumo, o que manterá um mercado estável. “Quando chegar em 2023, a China não vai precisar apenas de 54 milhões de toneladas, e sim por volta de 57 milhões. O Conselho de Estado do país afirmou que eles serão auto suficientes para a carne suína em 95%, o que resta ainda por volta de 3 milhões de toneladas para importação”, completa.
E, mesmo com o mercado de suínos para a China estável, outros países da Ásia como Coréia do Sul, Japão e Singapura estão aumentando as importações, além da possível abertura de mercado do Canadá para o ano que vem.
“O Canadá e o México são dois grandes importadores de suínos. Na Europa, se o acordo com o Mercosul for concretizado, o Brasil poderá exportar até 25 milhões de toneladas sem tarifas exageradas. Além da China, outros mercados cresceram. Para Singapura, por exemplo, o volume exportado cresceu 200% em 2020, ou seja, há outras alternativas”, destaca.
Dessa forma, a abertura de novos mercados somados ao apetite que ainda virá da China, deve garantir um cenário positivo, mas vale lembrar que o preço dos grãos está mais caro, o que impacta nos ajustes do preço dos produtos.
Em relação aos possíveis ajustes de preço, Santin analisa: “a força da demanda em 2020 foi muito agressiva, tanto que houve um aumento de quase 40% das exportações e a receita cambial cresceu 52%, ou seja, o preço subiu mais do que o volume. Mesmo com a diminuição da força de compra, os volumes serão importantes e não irá prejudicar a indústria nacional”.