A formação de um sistema conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) traz chuva persistente e acima da média, além de temperaturas mais baixas, ao centro e norte do Brasil.
Embora a chuva esteja beneficiando as lavouras do Matopiba e aumentando a umidade do solo, ela pode atrasar ainda mais as atividades de colheita da soja em estados como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
No Sul, o enfraquecimento da chuva irá acelerar a colheita da soja e instalação do milho, embora a qualidade da soja tenha diminuído em algumas áreas do Paraná pelo excesso de chuva das semanas anteriores.
“O grande problema é que mesmo sem previsão de chuva forte no Sul, há previsão para granizo nos três estados ao longo da semana”, avisa Celso Oliveira, meteorologista da Somar. Segundo ele, a maior ocorrência de granizo se deve à atmosfera mais fria decorrente do La Niña.
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Onde a chuva se concentra nos próximos dias?
Nesta semana, o acumulado chega aos 150 milímetros em sete dias na divisa entre o Acre e Amazonas e aos 125 milímetros na costa do Espírito Santo, noroeste de Minas Gerais, norte de Mato Grosso, Pará e Rondônia. No Matopiba, estima-se 100 milímetros em Correntina (BA) e no norte de Tocantins.
Por outro lado, choverá menos de 20 milímetros no noroeste do Paraná, sul e oeste de Mato Grosso do Sul e leste, centro e oeste do Rio Grande do Sul.
As nuvens e a presença de uma massa de ar mais frio deixarão a temperatura mais baixa que o normal na região Sul, no leste da região Sudeste e em Mato Grosso do Sul. Por outro lado, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) mais ao norte do que o normal fará com que o calor seja acima da média em Belém (PA).
Entre 15 e 21 de fevereiro, a chuva acima da média permanecerá sobre Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, leste de Mato Grosso, Pará e Matopiba.
Além da ZCAS, Zona de Convergência Intertropical, a ZCIT finalmente migra para a costa do Norte e Nordeste, fazendo com que haja uma configuração clássica da distribuição de chuva sobre o centro e norte do Brasil, principalmente em um ano de La Niña. Neste período pode chover até 175 milímetros no litoral do Pará e até 100 milímetros no centro e noroeste de Minas Gerais, Goiás, Bahia, Tocantins e Maranhão.
Na região Sul, no centro e oeste de São Paulo e no sul de Mato Grosso do Sul, o tempo seco retorna a partir do dia 16 de fevereiro, permanecendo assim até pelo menos o dia 22.
A entrada de uma nova massa de ar frio deixará a temperatura mais baixa que o normal no Rio Grande do Sul, interior de Santa Catarina e do Paraná e no sul e oeste de Mato Grosso do Sul na semana que vem. E com o aumento da chuva sobre o norte do país, o calor já não será tão elevado em Belém (PA).
A previsão mais estendida indica que a gangorra da chuva permanecerá sobre o centro-norte do Brasil até pelo menos o dia 1º de março. A precipitação permanecerá acima da média sobre boa parte da região Norte, Maranhão e Mato Grosso, além dos portos de Santos e Paranaguá.
Os impactos nos últimos dias
Na semana passada, a formação de um intenso ciclone extratropical trouxe chuva forte ao Rio Grande do Sul, o acumulado alcançou 130 milímetros na região de Jaguarão (RS) e as rajadas de vento chegaram a 85 km/h em Santa Vitória do Palmar (RS). Além disso, no fim de semana, observou-se o rompimento de um bloqueio atmosférico e formação de um sistema conhecido por Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Trata-se de um sistema que causa chuva persistente e intensa por vários dias consecutivos, paralisando as atividades de campo.
Em apenas três dias, choveu 265 milímetros em Caratinga, Zona da Mata de Minas Gerais, correspondendo a três vezes o normal para o mês de fevereiro. O acumulado também alcançou três dígitos nas áreas de café do Espírito Santo e em áreas de grãos de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, paralisando as atividades de colheita da soja e instalação do milho e algodão segunda safra.
Já no Matopiba, a chuva forte trouxe alívio, pois aumenta a umidade do solo e favorece o desenvolvimento das culturas, embora tenha chegado tarde para áreas produtoras de soja do Piauí, onde já há relatos de perdas.
Por outro lado, a rápida passagem da frente fria fez com que a chuva fosse fraca em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e em boa parte do estado de São Paulo.
A colheita da soja e a instalação do milho devem acelerar a partir de agora, apesar da perda de qualidade da soja no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Por outro lado, algumas usinas de cana-de-açúcar relatam que, apesar da elevada frequência de chuva em janeiro, o total acumulado mensal não foi muito elevado. E com a formação da ZCAS ao norte das áreas produtoras, a tendência é de que não chova muito nos próximos dias.