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Chuva perde força no Sul e continua intensa no Centro-Norte

O clima tende a dificultar a colheita da soja em Mato Grosso e Goiás, mas colaborar com os trabalhos no Paraná

Com algumas janelas de tempo seco na semana passada, Mato Grosso passou de 11% das áreas colhidas de soja para 22%, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea). Mesmo com o avanço, os trabalhos continuam atrasados em relação à média dos últimos anos.

Nesta semana, esse cenário pode piorar com a formação de uma invernada. Os volumes vão seguir intensos em Mato Grosso e Goiás. Em algumas cidades goianas, como é o caso de Alexânia, o volume acumulado de três dias já chegou quase à média esperada para todo o mês. Foram 195 milímetros registrados e a média climatológica para fevereiro é de 215 mm.

Nos próximos dias, a chuva mais intensa e abrangente vai permanecer sobre Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e boa parte das regiões Norte e Nordeste. Simulações mais conservadoras indicam até 250 milímetros em sete dias no litoral do Pará e do Maranhão, 150 milímetros no norte de Tocantins e 125 milímetros no Espírito Santo, Zona da Mata e noroeste de Minas Gerais, nordeste de Goiás, leste de Mato Grosso (Araguaia), oeste da Bahia e no Piauí. “Em Mato Grosso, espera-se chuva persistente e dificuldade para a colheita da soja e instalação da segunda safra até 22 de fevereiro”, diz Celso Oliveira, meteorologista da Somar.

Uma boa notícia será a chuva forte e o aumento da umidade em boa parte do sertão do Nordeste, favorecendo a instalação e desenvolvimento de culturas de subsistência como milho, feijão e mandioca. Por outro lado, no vale do São Francisco, a chuva excessiva poderá prejudicar o desenvolvimento dos parreirais.

Boa parte da região Sul e dos estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul terão uma semana com tempo mais seco, o que ajuda nas atividades em campo principalmente no Paraná.

“A janela ideal para o plantio da segunda safra de milho é até o dia 20 de fevereiro. Depois disso, as lavouras ficam mais expostas aos riscos climáticos e podem perder o potencial produtivo”, diz o presidente da Aprosoja Paraná, Márcio Bonesi.

Segundo ele, os trabalhos de campo estão atrasados e em Goioerê, noroeste do estado, por exemplo, a colheita está parada desde a última sexta-feira, 12. “Tem muita soja em fases diferentes de desenvolvimento por conta do atraso na instalação”, diz ele. A expectativa é que com o tempo mais aberto, a situação melhore para o Paraná nesta semana. Por outro lado, teremos a diminuição da umidade do solo no noroeste de São Paulo.

A temperatura mínima promete diminuir nos próximos dias e chegar a 10 °C nas áreas mais elevadas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná na próxima quinta-feira, 18. Já no interior de São Paulo, a temperatura máxima permanecerá elevada, chegando a 33 °C no norte e oeste do estado no próximo fim de semana.

Entre 22 e 28 de fevereiro, a chuva mais intensa permanecerá sobre o centro e norte do Brasil, porém acontecerá na forma de pancadas, permitindo um retorno ainda lento da colheita da soja no Sudeste e Centro-Oeste. Nesse período, estima-se até 70 milímetros em Minas Gerais e Goiás e até 90 milímetros no norte de Mato Grosso e de Tocantins, no Pará e no Maranhão. Na região Sul, em São Paulo e em Mato Grosso do Sul, a chuva retorna na última semana de fevereiro com acumulado entre 20 e 50 milímetros na maior parte dos municípios.

Rodadas de modelos numéricos de previsão do tempo anteriores indicaram uma possível formação de bloqueio atmosférico sobre a região Sul em março. Nesta semana, no entanto, as simulações mantiveram a chuva sobre o centro e norte do Brasil na primeira quinzena do próximo mês.

“Na realidade, o bloqueio deverá adiantar para o fim de fevereiro, mas não terá o mesmo efeito observado em dezembro e janeiro. Ele conseguirá trazer mais chuvas para o Sul, mas não deixará o tempo seco no Sudeste e Centro-Oeste do país”, diz Oliveira.