Um bloqueio atmosférico no oceano Pacífico está impedindo que frentes frias se conectem à umidade da Amazônia, empurrando diretamente os sistemas meteorológicos para o Atlântico. Na semana anterior, a chuva chegou a avançar pela costa tanto no Rio Grande do Sul como em Santa Catarina, mas com acumulados abaixo de 15 milímetros e de forma bem irregular.
A falta de chuva têm causado quedas nas temperaturas das manhãs nas áreas de serra e planalto da região Sul, com geadas de montanha em áreas tradicionais, porém sem danos em áreas produtoras. Chamou a atenção também a subida das temperaturas da tarde em ambos os estados. Está fazendo mais calor do que o normal, algo que preocupa no quesito doenças e pragas no trigo.
Deveremos ter uma mudança mais significativa do tempo apenas no decorrer da semana que vem, a partir do rompimento do atual bloqueio atmosférico. A chuva se espalha no extremo sul do Rio Grande do Sul a partir do dia 11 de agosto e no restante do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina a partir de 12 de agosto. Isso acontece por causa de uma frente fria, que, desta vez, consegue se conectar à umidade da Amazônia e levar chuva mais volumosa para ambos os estados. Vem ventos fortes, trovoadas e acumulados mais expressivos. Posteriormente as temperaturas caem novamente.
“Há uma expectativa, inclusive, que a chuva alcance algumas áreas de São Paulo e Mato Grosso do Sul na segunda quinzena de agosto de forma pontual”, explica um dos coordenadores de meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Marcelo Schneider.
O que todos os produtores desejam saber é quando a chuva deve retornar para a instalação da safra de verão 2020/2021. Mesmo com um mês de antecedência, agricultores anseiam pelo fim do vazio sanitário seguido de chuva, mas nem sempre é assim.
Setembro deve ter a chuva mais volumosa, com até 300 milímetros, apenas no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina e no Paraná, as precipitações devem oscilar com volumes de 100 a 150 milímetros. A parte central do Brasil terá a chuva retornando de maneira bastante irregular, primeiramente no oeste de Mato Grosso, com volumes que não devem superar 30 milímetros. Diversas cidades de Mato Grosso e Goiás ainda terão um setembro muito seco. A parte sul e sudoeste de Mato Grosso do Sul deve apresentar volumes mais satisfatórios para o plantio. No Sudeste, se chover, será com volumes de no máximo 30 a 50 milímetros em alguns trechos de São Paulo e sul de Minas Gerais.
Outubro será mais generoso em relação a volumes de chuva na segunda parte do mês na região central do Brasil. Ainda vamos começar a primeira quinzena com pancadas irregulares em boa parte dos estados. “Sinop, por exemplo só deve receber chuva depois do dia 13 de outubro”, diz Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
No entanto, no geral, já podemos esperar volumes em torno dos 200 milímetros em parte de Mato Grosso e Goiás. No norte de Mato Grosso pode até chover mais. No Sudeste, a chuva também deve acontecer com volumes de até 200 milímetros. No Sul, a exemplo de anos com o oceano Pacífico mais frio, teremos períodos úmidos intercalados com dias de tempo seco. A expectativa para essa região é de 100 a 150 milímetros de chuva e podemos ter, sim, ao longo da safra, períodos com estiagem regionalizada.