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Fumaça da Austrália pode impactar agropecuária do Rio Grande do Sul?

A coluna de fumaça vem de incêndios persistentes no país da Oceania; veja impactos esperados em solo brasileiro

Imagens de satélite da agência norte americana NOAA mostram uma corrente de fumaça proveniente da Austrália cruzando o Pacífico e chegando à América do Sul, principalmente no Chile, Argentina e, até mesmo, no Uruguai. A Austrália está sofrendo com um dos piores incêndios florestais da década e os primeiros focos começaram em setembro de 2019.

Os incêndios são provocados por uma massa de ar seco combinada às altas temperaturas de mais de 40ºC. Os ventos ajudam a propagar as labaredas de fogo que já atingiu 8 milhões de hectares do país, uma área do tamanho da Irlanda.

O principal impacto da fumaça é na saúde humana. A combinação da baixa umidade do ar com a fumaça é prejudicial ao sistema respiratório. Se houver chuva na região onde há fumaça, os particulados da fumaça chegam ao solo e podem trazer prejuízos para lavouras, pecuária, açudes e quaisquer outros reservatórios de água, além de provocar uma chuva mais ácida.

Impacto no Brasil

O principal fator que fez a nuvem de fumaça se aproximar do Brasil é a circulação de ventos no alto da atmosfera, a mais de 10km de altitude, que são chamados de jatos. O que está acontecendo agora, no entanto, não pode ser comparado com a situação das queimadas da Amazônia que aconteceu em 19 agosto de 2019 e chegaram a São Paulo.  “Neste caso, o transporte da fumaça ocorre a cerca de 2 km de altitude e não a 10 km de altitude em ondulações de oeste para leste”, diz Fábio Luengo, meteorologista da Somar. Segundo ele, com esta altitude de 2 km, o transporte é feito de norte para sul e há maiores chances da formação de nuvens com esta altura na atmosfera. Foi justamente por isso que o dia virou noite na capital paulista.

Vale ressaltar que este caso é semelhante às erupções do vulcão Calbuco, no Chile, localizado a 1.000 km ao sul de Santiago, que ocorreram no dia 22 de abril de 2015. Na ocasião, os ventos no alto da atmosfera trouxeram a fumaça ao Brasil que chegou a fechar aeroportos no Rio Grande do Sul.

Além da fumaça, temos uma frente fria que se aproxima do Rio Grande do Sul e, atrás deste sistema, ventos que sopram de sudoeste também ajudam no transporte dessa fumaça para estado. “É possível que a fumaça chegue na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, porém de forma muito fraca, nas próximas 24 horas”, diz Fábio. Por conta do material particulado presente na pluma de fumaça, a formação de nuvens fica um pouco acima do normal, podendo estender o período nebuloso no Rio Grande do Sul.