As geadas que tiram o sono dos cafeicultores brasileiros deram certa trégua às lavouras. De acordo com o meteorologista da Somar Fábio Luengo, estamos há 10 anos sem “frio devastador e os problemas da última década foram muito pontuais”.
Com o passar dos anos, o vilão deixou de ser o frio e se tornou a chuva. O resfriamento das águas do oceano Pacífico Equatorial, que dura em média 30 anos, é responsável por este cenário. A chamada Oscilação Interdecadal do Pacífico (ODP), na fase fria, reduz o volume de precipitações em áreas tropicais, como é o caso do Brasil, e também diminui as condições favoráveis a geadas.
Em 2017, os preços do café conilon chegaram a se igualar aos do arábica por conta de intempéries climáticas. Este ano, no entanto, tem chovido bastante no Sudeste desde o fim de novembro, o que promoveu a recuperação das reservas hídricas do solo e baixou as cotações.
- Café: excesso de chuva prejudica lavouras e preços avançam no mercado
- Saca do café arábica caiu R$ 40 em uma semana, aponta Safras
Algumas regiões produtoras que sofreram com estiagens fortes em anos anteriores viram, em 2019, as chuvas retornarem já em setembro. “As floradas que surgiram em outubro não ficaram frustradas e a umidade continuou”, conta Fábio Luengo.
Para a safra 2020, a meteorologia não enxerga grandes riscos. Continuamos sem expectativas de geadas, grandes inimigas da cafeicultura, principalmente nas áreas mais altas do sul de Minas Gerais e da Serra da Mantiqueira.