Setembro marca o fim do inverno e o início da primavera, no dia 22 de setembro, às 10h31. É normal ainda haver registros de ondas de frio, mesmo que não muito intensas, e temporais isolados. Em relação ao oceano Pacífico, há poucas novidades: o mês deve se manter em neutralidade climática, sem El Niño ou La Niña, porém com as águas do oceano Pacífico Equatorial Leste, mais perto da América, com um viés negativo.
A primeira quinzena de setembro deve ser marcada por um bloqueio atmosférico. Isso acontece quando os ventos mudam de padrão lá no oceano Pacífico e impedem a passagem de frentes frias pelo Centro-Sul do Brasil. Consequentemente, uma área de alta pressão se forma no centro do país e uma massa de ar quente e seco vai ganhando força no decorrer dos dias. Dessa forma, fica a preocupação com os níveis dos reservatórios e com as queimadas. O Pantanal apresenta um número de focos de incêndio 190% maior do que no ano passado.
Já na segunda quinzena do mês, o padrão deve mudar. O bloqueio vai se romper e com isso as frentes frias vão conseguir avançar com um pouco mais de força em direção ao Sudeste e a chuva deve retornar para grande parte de São Paulo. Mas, mesmo assim, a chuva deve fechar setembro abaixo da média na maioria dos municípios.
Haverá uma maior quantidade de chuva no Centro-Sul devido às passagens de frentes frias e as temperaturas ficam mais amenas tanto pelo excesso de nebulosidade quanto pelas entradas de massas de ar frio. Algumas cidades de Mato Grosso, como Cáceres, que fica no sudoeste do estado, podem receber algumas pancadas no fim do mês. No entanto, é só em outubro que os volumes ficam mais frequentes e elevados no estado e em Goiás.
A chuva só deve ficar acima do normal no extremo sul do Rio Grande do Sul e em parte do Amazonas, Roraima e Acre. Nas outras áreas do Brasil, a previsão é de chuva abaixo da média.
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Em relação às temperaturas, a primeira quinzena será muito quente e seca em grande parte do país, com temperaturas acima da média e apenas uma onda de frio fraca, ainda na primeira semana, por volta do dia 6. Ao todo, devemos ter em torno de quatro ondas de frio em setembro, sendo a última, por volta do dia 26, a mais intensa. Mesmo assim, esse episódio de frio não será tão forte quanto o registrado em agosto. As temperaturas, no geral, devem ficar acima do esperado em boa parte do país e dentro da média apenas no sul do Rio grande do Sul, leste do Nordeste e parte do oeste do Amazonas e Roraima.
Retrospectiva de agosto
Agosto foi marcado pelo retorno da chuva, mesmo que de forma modesta, para Mato Grosso do Sul e São Paulo, gerando volumes acima da média climatológica para a maior parte desses estados. Vale lembrar, porém, que agosto é considerado um dos meses mais secos do ano nessas áreas. No entanto, mesmo a chuva tendo retornado ao sul de Mato Grosso, não foi o suficiente para mitigar os incêndios no Pantanal, que enfrenta o pior cenário em 22 anos.
Destaque também para a chuva com acumulados expressivos no Paraná, com cerca de 200 milímetros ao longo do mês, volume também acima do normal para a época. Isso foi possível por conta do enfraquecimento de um bloqueio atmosférico, que permitiu que frentes frias conseguissem avançar mais por essa área do país. A precipitação se concentrou entre o fim da primeira quinzena de agosto e o início da segunda quinzena.
A diferença entre a previsão feita para agosto, que indicava chuva abaixo da média no Paraná, e a constatação de acumulados acima do normal no fim deste mês está no Pacífico. “Existem duas forças regendo a atmosfera do Brasil. A primeira é o resfriamento do Pacífico, que joga a chuva mais para Sul. As simulações do mês passado deram peso para esse padrão, retirando a chuva. Porém, não estamos em La Niña ainda. Estamos em transição da neutralidade para fase fria. Então, também há a força da sazonalidade e as correntes de jato e as frentes frias ficaram mais ao norte, entre Paraná e Rio Grande do Sul”, explica Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
Em meados de agosto, o efeito da sazonalidade foi incrementada por ondas vindas do polo e ampliaram ainda mais a chuva, inclusive, na direção de Mato Grosso do Sul e São Paulo. “Para setembro, novamente, as simulações deram peso para o La Niña indicando chuva abaixo da média na maior parte do Brasil. Mas é importante enfatizarmos que isso não implicará em ausência total de precipitação no país”, afirma Oliveira.
Também choveu de forma expressiva no litoral do Nordeste e em Roraima. O maior acumulado de chuva no mês até agora, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi de 268 milímetros em Maraú (BA), equivalente a 146% acima da média para o período. No interior nordestino, o destaque foram os ventos fortes e constantes, que são mais intensos nesta época do ano, mas que levaram a excelentes resultados na produção de energia eólica. Não choveu nada no centro-norte do país e Brasília já passou dos 100 dias consecutivos sem uma gota d’água.
Com relação à temperatura, houve três ondas de frio, mas apenas a última, na terceira semana de agosto, foi mais forte e abrangente, responsável até por friagem na Amazônia. Houve registro de chuva congelada e queda de neve em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná. Posteriormente, a onda de frio levou geadas ao Sul e Mato Grosso do Sul, o que pode ter causado quebra de pelo menos 10% na safra gaúcha de trigo.
De forma geral, fez mais frio que o normal pela manhã para o mês no Rio Grande do Sul, nas serras de São Paulo e Rio de Janeiro e no norte de Goiás. Fez menos frio que o normal pela manhã no Norte, Paraná e oeste e sul de São Paulo, além de Mato Grosso.
O calor da tarde também se fez presente em agosto, especialmente no Brasil central, com valores de máxima na casa dos 40 ºC. Considerando todo o mês, fez mais frio à tarde do que o normal em Santa Catarina, Paraná, sul de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, e calor acima da média nas demais áreas.