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Tempo: chuva e frio persistem no Centro-Sul e podem danificar lavouras

A chance de neve deve ficar restrita às áreas de serra do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e à parte do planalto do Paraná

Normalmente, sistemas frontais são compostos por uma frente fria seguida de uma massa de ar de origem polar. No entanto, desta vez, o Sul do Brasil está com a presença das duas ao mesmo tempo. Por essa razão, ainda há previsão de chuva de 130 milímetros no Paraná, em áreas onde já choveu duas vezes e meia a média para agosto. É caso da cidade de Cantagalo no centro-oeste do estado, com mais de 200 milímetros registrados. Além disso, a precipitação pode atrapalhar o embarque de grãos no porto de Paranaguá e o desembarque de fertilizantes.

Não bastasse a chuva, o frio vai ganhar intensidade, trazendo chance de chuva congelada e neve nas áreas que concentrarem as instabilidades. As geadas devem ocorrer em áreas onde o tempo estiver mais aberto, e há previsão que isso aconteça não só no interior da região Sul, mas também em áreas de Mato Grosso do Sul. O frio deve chegar até mesmo no sul de Mato Grosso e sudoeste de Goiás.

Com isso, diversas culturas do Centro-Sul do Brasil, como milho, trigo, cana-de-açúcar, algodão e pastagens, podem ser penalizadas por essas baixas temperaturas. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), 63% do trigo do Paraná está em fase vulnerável e pode ser afetado com esse excesso de umidade e geadas previstas. No Rio Grande do Sul, esse número é inferior a 5%, já que o trigo foi plantado mais tarde.

A neve, que tem provocado muita polêmica, deve ficar restrita às áreas de serra do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e parte do planalto do Paraná, e o acumulado não vai ser tão elevado como divulgado anteriormente. “As primeiras simulações de frio superestimam a espessura da neve e a amplitude de atuação. Alguns modelos americanos no início da semana estimavam 10 centímetros. Conforme vamos chegando mais próximo do evento, os modelos numéricos de previsão de tempo se ajustam, e o que a gente vê que a precipitação será mais isolada e, diferente do que foi divulgado erroneamente, não vai chegar em São Paulo”, diz Fábio Luengo, meteorologista da Somar.

É importante ressaltar que toda saída bruta dos modelos numéricos de previsão de tempo sempre passam pelo crivo de um consenso de uma equipe de meteorologistas da Somar, que ajustam essas previsões.

A quinta-feira, 20, será marcada por vários destaques do tempo no Brasil. Em relação à chuva, o tempo fica fechado com precipitação a qualquer hora do dia no norte de Santa Catarina, Paraná, leste de São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul. Toda essa área pode receber acumulados significativos e ter transtornos. Outro grande destaque é que há chances de voltar a chover depois de três meses secos no oeste de Mato Grosso, incluindo Cuiabá. As previsões indicam uma chuva fraca bem isolada, mas pelo menos ajuda um pouco na qualidade do ar.

Em relação às temperaturas, a frente fria carrega uma intensa massa de ar polar que vai provocar o fenômeno da friagem, que é quando o ar frio consegue avançar até parte da região Norte.

Na quinta-feira, as temperaturas já começam a cair em parte do Centro-Oeste, principalmente Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e também em Rondônia. No Rio Grande do Sul, a chance de geada ainda fica restrita à fronteira com o Uruguai, porém faz frio em todo território. Há previsão de neve apenas no topo das serras gaúcha e catarinense, com maiores chances em cidades como Cambará do Sul, São José dos Ausentes e Bom Jesus, no Rio Grande do Sul e em São Joaquim, Urupema, Urubici e Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina.

Além de toda essa mudança no tempo, ainda tem alerta de ressaca da Marinha do Brasil de Arroio Chuí (RS) até Laguna (SC) e entre Florianópolis (SC) e Peruíbe (SP) com ondas de 2,5m de altura. Os ventos ainda podem chegar a 70 km/h no litoral de Santa Catarina e a 60 km/h no litoral gaúcho, no litoral nordestino, em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e em São Paulo.