De acordo com a ABA, a raça se destaca hoje nas vendas brasileiras de sêmen, chegando a 34% do mercado, atrás apenas dos números do nelore. Desse total, o Centro-Oeste é responsável por 53% das compras, seguido pela região Sul, com 18%.
A expansão da raça para mercados pecuários tradicionais, como os da região Centro-Oeste, dominado pelas raças zebuínas, é apontada pelo gerente do programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, como aposta para o crescimento sustentável da produção.
– O Brasil hoje se destaca como principal país a usar cruzamento com o angus em todo mundo, pela excelente complementaridade da raça. E nenhum país tem experiência em cruzamento de genética angus em cima de genética zebuína como nós – explica, em referência à raça predominante nos rebanhos brasileiros.
Criado em 2003, o programa de carne certificada reúne hoje 450 associados produtores de genética e cerca de cinco mil criadores. Com a expansão de produtos da marca Angus em supermercado e redes de fast food, cresceu a associação do consumidor final à qualidade da carne, um impulso ao trabalho da cadeira produtiva.
– Consumidor que percebe essa qualidade remunera melhor. Isso faz com que a cadeia produtiva cresça junto – afirma Medeiros.
Desafios
Destaque no uso da genética em cruzamentos com outras raças, o Brasil ainda fica atrás de outros países no uso de novas tecnologia. Segundo o gerente do programa Carne Angus Certificada, o uso de ultrassonografia de carcaças, ferramenta comum nos Estados Unidos – dono do maior rebanho angus do mundo – tem grande validade, mas ainda é tímido no país.
– A Associação (ABA) criou desde 2010 um programa de fomento ao uso da ultrassonagrafia de carcaça, onde o produtor tem avaliação de graça dos seus reprodutores, justamente para estimular esse uso – diz Medeiros.
– Esses avanços tecnológicos são extremamente importantes, mas não podemos deixar de levar em consideração que apenas 9% de nossas fêmeas são inseminadas, isso é muito pouco, temos uma carência de mais de 250 mil touros de reposição todo ano. Não podemos perder o foco – destaca o presidente da ABA, Paulo de Castro Marques.
Selecionar biotipos ideais para produção em diferentes ambientes também está entre os desafios da associação para a raça nos próximos anos, assim como produzir animais resistentes ao carrapato, com eficiência a pasto e confinamento e com maior padronização de carcaça.
O evento tem transmissão do C2Rural.