A apreciação do real, no entanto, traz temores quanto à competitividade da carne brasileira no mercado internacional. Em um cenário de custos de produção elevados e de margens apertadas, o dólar mais fraco implicaria a necessidade de elevar os preços dos produtos, na moeda norte-americana, o que afetaria a competitividade do produto brasileiro.
Neste ano, o setor de proteína animal vem sendo afetado pela valorização dos grãos no mercado doméstico, em especial de milho, principal componente da ração de aves e suínos. O indicador Cepea/Esalq para o preço do cereal acumula alta superior a 43% este ano.
“Temos praças em que o preço da saca de milho chega a R$ 60,00, praticamente o dobro do preço esperado para esta época. Esta alta do milho, somada aos outros fatores, como custos energéticos, combustíveis e mão-de-obra, está pressionando as margens do setor”, disse o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, em nota.
“O câmbio acima de R$ 3,50 auxilia no equilíbrio das contas. Uma queda acentuada do dólar, entretanto, agravaria ainda mais a necessidade de reposicionamento nos preços internacionais em curso”, afirmou Turra. Ele comentou, ainda, que a alta dos preços, em dólares, reduziria a competitividade dos embarques brasileiros frente aos demais exportadores de carnes. “Isto poderia refletir num menor desempenho dos embarques”, alertou Turra.
O Brasil, atualmente, é o principal exportador de carne de frango no mundo e ocupa a quarta posição nos embarques de carne suína. Em 2015, o setor foi responsável por 10% dos embarques do agronegócio, com receita de US$ 8,44 bilhões.