A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) assinou, em aordo inédito, um convênio com a instituição de Extensão Rural do Sul do Brasil (Emater/RS). A FAO, através da Emater/RS-Ascar, está investindo U$ 20 mil para a prestação de Assistência Técnica e Social para a comunidade de pescadores da Colônia de Santa Isabel (Coopesi), de Arroio Grande, no Rio Grande do Sul, a também para os pescadores artesanais da comunidade de Mandira (Cooperostra), de Cananéia, no estado de São Paulo.
“O objetivo é facilitar e melhorar o intercâmbio de experiências entre essas duas cooperativas de pescadores de pequena escala no Brasil, através de intercâmbio de líderes de pescadores, de formação em desenvolvimento cooperativo e capacitação inclusive voltada ao conhecimento e à preservação da biodiversidade dos ecossistemas, formados por mangues e lagoas”, explica o coordenador da unidade de projetos da FAO na região Sul, Carlos Biasi. Ele também cita o desadio de organizar a gestão e fortalecer as organizações de pescadores no Brasil, a partir desse projeto com essas cooperativas.
Para o presidente da Emater/RS, Clair Kuhn, “o acordo é um pequeno passo na construção de políticas públicas de governo, em parceria com a FAO, criando oportunidades para o fortalecimento dessas comunidades. Vamos realizar um trabalho muito interessante, que vai contribuir com o desenvolvimento dessas pequenas comunidades pesqueiras, mas que têm grande capacidade de crescimento”.
Além de objetivar reduzir a pobreza rural e a fome, o projeto contempla a soberania alimentar das comunidades e cuidados com o ambiente. De acordo com a coordenadora da área da Pesca Artesanal da Emater/RS-Ascar, Ana Luíza Spinelli Pinto, há no RS o Conselho Estadual de Ordenamento da Pesca, que tem orientado os pescadores sobre os diversos temas ambientais, especialmente a partir da publicação do Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção.
“A invasão de grandes empresas no mercado da pesca e a poluição dos mares, com acúmulo de lixo, têm prejudicado a pesca artesanal no Brasil, não sendo diferente no Rio Grande do Sul”, observou Ana Luíza, ao defender a legalização do setor.
Para Biasi, “até a informalidade é um aspecto cultura do pescador, mas para abastecer o mercado é preciso garantir a pesca e o peixe diariamente”, disse, ao salientar as características benéficas e nutritivas do peixe na alimentação. “Esse acordo é uma importante demonstração de forças para superarmos a pobreza e a fome e para avançarmos na qualidade de vida dos pescadores, oferecendo, com gestão qualificada, um alimento saudável para os consumidores”.