? Mais uma vez o governo aponta o dedo para o produtor rural como o vilão da floresta e se esquece que quem dita as regras são eles ? questiona o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
De acordo com a associação, o levantamento não mostra qual foi o período do desmatamento dos 720 mil quilômetros quadrados no bioma.
? Afinal, é bom que não se esqueçam, de que até 2001 a lei federal permitia a abertura de 50% da área no bioma amazônico e que através de uma medida provisória, sem aviso prévio, mudaram a regra para 20%. Se não querem que o produtor exerça seus direitos, que lhe dê compensação ? ressalta Vacari.
Segundo Vacari outro ponto invisível no levantamento é quanto desse desmatamento é de origem ilegal.
? O governo federal é que deve identificar isso e não o produtor. Mas se o poder público não consegue nem identificar quem são os donos da terra, pela ineficiência do Incra, não é de se estranhar que não saibam da origem do desmate ? conclui.
O levantamento ressaltou que o tamanho da área desmatada é equivalente ao Uruguai. No momento a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, declarou que é preciso aumentar a produtividade, e reforçou que menos de uma cabeça por hectare é algo inaceitável na Amazônia.
Vacari apresentou números para o esclarecimento das afirmações feitas pela ministra. Ele afirma que a área de pastagem no Brasil segundo dados do IBGE (Censo Agropecuário de 2006) é de 158,7 milhões, com 205,2 milhões de cabeças (IBGE ? 2009) e com uma taxa de ocupação de 1,29 de cabeça por hectare. Afirma também que no bioma amazônico a área de pastagem é de 30,3 milhões de hectares, com 43,9 milhões de cabeças de gado e uma taxa de lotação de 1,45 cabeças por hectare. Já o Uruguai tem um rebanho bovino de 12,49 milhões de cabeças e uma taxa de lotação de 0.97 cabeças por hectares.
? O governo federal precisa conhecer melhor seu país, pois dizer que a pecuária na Amazônia não é economicamente atraente é desconhecer os fatos. Afinal, como a população dessa região vive até hoje ? questiona Vacari.
Para ele, o que falta são políticas públicas para o setor produtivo, leis claras que garantam segurança jurídica, linhas de crédito compatíveis e pagamento ao produtor pela preservação ambiental. O superintendente da Acrimat acredita que para mudar a realidade das áreas degradadas e abandonadas existentes, o poder público tem que executar ações.
? Ações urgentes sob pena de desacelerar o crescimento, necessário, do setor produtivo. Essas noticias, sem um estudo mais profundo, só prejudicam a imagem do Brasil no mercado internacional ? afirma.