Acrimat reivindica pagamento mais alto a pecuaristas que exportam à UE

Remuneração atual muitas vezes não compensa gastos para atender determinações sanitárias impostas pelo blocoA Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) está decidida a criar um mecanismo que obrigue os frigoríficos a remunerar melhor o pecuarista que produz gado destinado à União Europeia. A associação não está satisfeita com o ágio pago atualmente pelas indústrias e solicita mudanças no documento emitido durante a venda do rebanho às empresas, com a expectativa de que através delas o pecuarista tenha garantias de melhor remuneração.

Em Mato Grosso, a pecuária é praticada em 110 mil propriedades rurais. Destas, apenas 420 estão habilitadas a exportar carne bovina para a União Européia, menos de 0,5% do total. Além da espera para a realização de auditorias, que nem sempre seguem datas definidas, a baixa adesão a esta lista é consequência do excesso de exigências impostas pelo mercado europeu. O investimento para cumprir as determinações é alto e, na maioria das vezes, a remuneração não compensa os custos do produtor.

Segundo o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, atualmente os frigoríficos pagam cerca de R$ 3 a R$ 4 a mais pela arroba do gado destinado à exportação para União Europeia. Vacari enfatiza que o correto seria pagar pelo menos 10% acima do valor pago pela arroba de maneira geral. Ou seja, com a cotação na casa dos R$ 100, seriam R$ 10 a mais por arroba.

Para tentar mudar esta realidade, a Acrimat solicitou ao Instituto de Defesa Sanitária Animal do Estado (Indea) a criação de um mecanismo que dê ao pecuarista o direito de comunicar às autoridades o destino que deve ser dado ao animal comercializado.

O modelo proposto pela Acrimat segue o exemplo que vem sendo adotado desde o ano passado em Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma simples alteração na guia de trânsito animal, que ? de certa forma ? permite que o pecuarista decida o futuro da carne do gado negociado com o frigorífico. Caso não concorde com a remuneração oferecida pela empresa, o produtor indica no formulário que não autoriza a exportação da carne daquele lote, impedindo a venda do produto.

Luciano Vacari explica que esta alteração é bastante simples, e que em Mato Grosso do Sul já é realizada com sucesso. De acordo com Vacari, há informações de que os pecuaristas sul mato-grossenses já estão recebendo mais pelo gado rastreado.

O pedido recebido pelo Indea-MT deve ser encaminhado ao Ministério da Agricultura. A previsão é de que ainda esta semana, os pecuaristas tenham uma resposta sobre a solicitação.

O diretor-presidente do Indea-MT, Valney Souza Corrêa, afirma que o instituto não tem como decidir este caso sozinho e que a determinação é do Ministério da Agricultura. Ele informa que na próxima quarta ou quinta-feira haverá uma reunião com o ministério, e até sexta-feira já será dada uma resposta à Acrimat.

Apesar de não ser o principal destino da carne produzida em Mato Grosso, o mercado europeu é o que paga os melhores preços pelo produto. Mesmo representando apenas 5,5% das exportações, foi responsável por 10% da receita obtida com a venda de carne para o Exterior até novembro do ano passado, o equivalente a quase US$ 63 milhões de dólares.