A tarefa de fazer essa adaptação é dos responsáveis pelo confinamento. O primeiro passo é hidratar bem o animal para ajudá-lo a recuperar o peso que perdeu durante a viagem. No transporte, segundo a zootecnista Marina Anderson, uma rês perde em torno de 15 quilos.
– No período de viagem, o animal perde muito liquido, fica debilitado. Tem que manter o fornecimento de água limpa, pois é importante que os bebedouros dos currais de adaptação sejam limpos todos os dias porque o animal não vai chegar ao bebedouro se água estiver suja porque. Ele está acostumado com a água corrente, água limpa – reforça Marina Anderson, zootecnista da Agropastoril Paschoal Campanelli.
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O estresse provocado por horas e horas de viagem causa, entre outras coisas, queda na imunidade dos animais. A fase de adaptação exige outras manobras. Os cuidados devem começar antes mesmo do chamado processamento, quando o gado é identificado e recebe vacinas e vermífugos. Principalmente quando se trata de animais de outras propriedades.
– Se você vermifugar um animal com alto nível de estresse, você está jogando vermífugo fora, porque ele não vai aproveitar – continua Marina Anderson.
A etapa seguinte é adaptar o rúmen dos animais ao novo tipo de alimentação, momento crucial para o bom desempenho do gado durante o período de engorda. No confinamento da Agropastoril Paschoal Campanelli, no município de Altair, interior de São Paulo, os animais recém-chegados recebem um cardápio com 25% de volumoso e 75% de concentrado e feno à vontade.
– O animal que vem do pasto tem receio de chegar ao cocho, ele ainda está um pouco receoso, com medo, e essa adaptação com feno faz o consumo chegar ao que estamos esperando para um gado em adaptação muito rápida – completa Marina Anderson.
Segundo o zootecnista Fernando Parra, dependendo do tipo de dieta adotada, a fase de adaptação alimentar leva de 14 a 21 dias.
– No Brasil, utilizamos a dieta em escada, gradativamente aumentamos o teor de energia e diminuímos o teor de proteína. Com o passar das dietas, diminui o volumoso. Essa seria uma forma, em escada. Outra forma é adaptação em restrição. Na verdade, na dieta nós visamos uma boa saúde ruminal, com desenvolvimento das papilas ruminais para que tenham absorção dos nutrientes e um bom aproveitamento dos micro-organismos no rúmen – finaliza Parra.