Segundo Rossi, a escassez de crédito foi responsável pelo abate de matrizes do gado bovino em 2005, cujos efeitos estão sendo sentidos agora, com o aumento do preço da carne.
Em entrevista, ele disse que o Ministério da Agricultura deve também compatibilizar a política de importação de produtos agrícolas com a produção interna, só comprando do Exterior quando tiver necessidade na entressafra. Inicialmente, é o que será feito com o trigo.
? Nós estamos avançando em novas ideias para proteger o produtor brasileiro, sem perder a parceria com os nossos fornecedores tradicionais. Primeiro, a garantia da compra com de volumes adequados de trigo do Mercosul e Argentina. Segundo, que esse trigo venha nos momentos que nós mais precisamos dele e não num momento em que, ao contrário de nos ajudar, tumultua o processo do mercado, porque os produtores brasileiros precisam vender o seu produto naquele momento ? afirmou.
O ministro explicou que atualmente há dificuldades burocráticas que atravancam os processos de aprovação de produtos e liberação de certificações.
? É uma série de limitações que precisam ser eliminadas ? avaliou.
Rossi garantiu que, nesse processo de modernização da pasta, haverá resposta para “uma reclamação permanente” dos produtores sobre o tempo que leva para o registro de produtos, e a redução de problemas na área da certificação, com a diminuição da burocracia.
? Um tema atualíssimo, que agrega valor ? afirmou.
O ministro ressaltou que a agricultura convive, em diversas áreas, com situações que levam de oito a dez anos para serem resolvidas. Ao anunciar a realização de um diagnóstico global para revisão de normas, processos, fluxos, ele disse que a imprensa poderá ajudar muito com sugestões.
Rossi citou a criação do Fundo Catástrofe, por decreto presidencial, entre as medidas que deram mais segurança aos produtores.
? Foi uma iniciativa paralela à política em vigor de garantia de preço mínimo e ao seguro agrícola, que barateou o custo do seguro para os produtores, pois as seguradoras não precisam cobrir prejuízos nessas situações.
As estatais ligadas à pasta, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), poderão ser afetadas pela política de reformulação do Ministério. No entanto, disse Rossi, “elas têm capacidade de resposta e de adaptação mais rápida para conciliar problemas na sua área” e não estão “tão defasadas” quanto o Ministério.
Na entrevista, o ministro comentou também o texto do novo Código Florestal, que está em tramitação na Câmara. Rossi dá “nota 10” ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas ressalta que o texto ainda pode sofrer alterações. Para ele, o código não será votado neste ano, devendo entrar, em regime de urgência, no início dos trabalhos legislativos em 2011.
? O trabalho do deputado Aldo Rebelo, ao ser relator do projeto do novo código, foi excelente, equilibrado e um avanço, porque ele se baseou num critério importante: a realidade. Mas sempre há margem para pequenos ajustes, aperfeiçoamentos. Eu tenho a expectativa que o Congresso seja capaz de considerar alguns pontos que estão sendo levantados por outras correntes de opinião, que merecem todo o nosso respeito e, com isso, possa ainda se aperfeiçoar nas votações, na Câmara e no Senado, o projeto como ele está neste momento ? disse.
De acordo com o ministro, o texto não favorece aumento do desmatamento, nem a redução da área dos biomas, e dá segurança jurídica ao produtor, com mudanças compatíveis com a realidade, para aumento da produção de alimentos com a preservação do meio ambiente.
Em relação aos índices de produtividade, o ministro se diz resistente a esta ideia.
? Na verdade, quem deve definir o que, como e quando o produtor brasileiro vai produzir é o mercado, a visão que ele tem de oportunidades de negócios, perspectivas de preços, demanda do mercado interno e internacional e não um ato autoritário de cima para baixo, dizendo se tem que produzir com tais índices de produtividade. Não é assim que se faz. Se você obrigar o produtor a produzir mais um determinado produto que esteja dando prejuízo, você está condenando aquele produtor a quebrar e não é assim que funciona a economia. Quem pretende esse tipo de imposição está pensando no Brasil 30 anos atrás, quando havia necessidade de um mecanismo como este ? avaliou Rossi, se referindo a quando não havia terras disponíveis para reforma agrária.
Quando fala sobre a balança comercial, Wagner Rossi é otimista.
? Devemos superar os 60 bilhões de superávit na balança do Agronegócio, e isso mostra que o Brasil hoje depende da sua agricultura para o avanço econômico significativo ? concluiu o ministro da Agricultura.