Essa foi uma das maiores altas já verificadas para um ano. Se observada toda a série de custos do Cepea, iniciada em 2004, a alta do COT registrada em 2010 só foi menor que a de 2008.
Apesar desse cenário, os preços da arroba subiram ainda mais: 40,4% no acumulado do ano ? média ponderada de 10 Estados. De modo geral, 2010 surpreendeu todos os agentes do setor pecuário, com os preços da arroba e da carne atingindo patamares recordes, em termos reais. Conforme dados do IBGE, de janeiro a setembro daquele ano, o volume de abate foi maior que o do mesmo período de 2009. Assim, apesar de a percepção de agentes de mercado ter sido de oferta enxuta ao longo de todo o ano, percebe-se que a força motriz do mercado foi mesmo a demanda, sobretudo a do brasileiro.
Quanto às exportações, o volume embarcado de janeiro a dezembro de 2010 foi 2,72% maior que o do mesmo período de 2009. A oferta, portanto, foi coadjuvante. Ainda que crescente, aparentava ser pequena dado o comparativo com o ritmo de vendas.
Em relação aos custos, o COT e o COE subiram de janeiro a novembro de 2010; somente em dezembro deram trégua, com o COT caindo 1,07% e o COE, 1,3%. No correr de 2010, empresas de insumos acompanharam a forte recuperação nos preços da arroba e reajustaram os preços de seus produtos. Assim, o COT foi impulsionado, principalmente, pela valorização do sal mineral (de 15% de janeiro a dezembro de 2010), que representa 21,22% do COT.
A semente forrageira, apesar de representar apenas 2,33% do COT, valorizou 37,51% no acumulado do ano. Essa forte alta da semente se deve ao grande volume de chuvas no período de plantio e de colheita, que ocasionou quebrou de safra.
Outro item que teve forte valorização no ano foi o bezerro, que elevou os gastos de produtores de recria, recria-engorda e confinadores. De janeiro a dezembro de 2010, o preço do bezerro subiu quase 20% ? este insumo representa quase 30% dos custos do boi gordo. A mão-de-obra, que corresponde a 22,65% dos custos, foi reajustada em 9,68%, em acordo com a variação do mínimo.
Em relação aos Estados acompanhados nesta pesquisa, Goiás registrou o maior aumento do COT, de 26,6% em 2010, seguido por Mato Grosso do Sul (24,45%) e Mato Grosso (22,77%).
Em períodos de valorização do dólar, notava-se forte alta do sal mineral, tendo em vista que importantes ingredientes que o compõem são importados, como o fosfato bicálcico. Esse cenário foi bastante sentido pelo produtor em 2007 e 2008, por exemplo. Em 2010, no entanto, apesar da forte queda do dólar ? a média anual recuou 12% frente à de 2009 ?, o sal mineral ficou 15% mais caro. Vale lembrar que esse insumo corresponde, em média, a 22% dos gastos totais.
Conforme pesquisadores do Cepea, a alta nos preços do sal pode estar atrelada à demanda. A forte seca registrada em meados de 2010 impulsionou as vendas do sal, como forma de complementar a alimentação do animal.
De modo geral, os maiores gastos de pecuarista sempre foram com a suplementação mineral, a reposição de animais e a mão-de-obra. Considerando-se o histórico de preços, esses três itens sempre se alteram como o que mais pesa no bolso do produtor.
De 2004 para cá, a reposição tem ocupado o topo da lista de principais dispêndios, com exceção do período entre meados de 2008 e início de 2009, quando o sal mineral tomou esse lugar ? ao longo de 2008, a suplementação mineral valorizou quase 92%.
Quanto aos gastos com a mão-de-obra, que, em janeiro/04 representavam 15,63% dos custos, em dezembro/10 passaram para 22,65%, ocupando o segundo lugar entre as maiores despesas para a produção de um boi.