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Alta do milho será repassada ao consumidor em breve, diz associação

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) alerta que subida no custo da ração deve ser repassada em breve ao consumidor de carne de aves e suínos

Enquanto os preços internacionais do milho, cotados em dólar, estão em queda, pressionados pelos altos estoques mundiais do grão, a cotação do cereal negociada no Brasil disparou. A valorização é impulsionada, principalmente, pela alta das exportações do cereal, que bateram recorde em 2015, estimulada pelo avanço do dólar ante o real.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) alerta que esta alta do preço do insumo deve ser repassada em breve aos preços de aves e suínos. Para a associação, a situação de alta dos preços do milho é insustentável e pode obrigar as indústrias a importar o grão de países vizinhos, como Argentina e Paraguai. Analistas de mercado avaliam ainda que este cenário deverá pressionar também as margens domésticas de importantes indústrias, como BRF e JBS.

A escassez de milho se agrava porque a safra verão 2015/2016, em início de colheita, ainda não entrou com força no mercado. As vendas externas “rasparam” os silos brasileiros, deixando escassos estoques para o consumo interno, principalmente dos setores de aves e suínos, que usam o produto na composição da ração para as criações.

“No mercado interno o preço do milho e da soja já está mais alto do que no porto”, observou o assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alan Malinski. “O impacto é maior para suínos, leite, ovos e frango. Para bovinos não é tanto, porque o período de confinamento acabou em setembro e, além disso, neste caso os farelos de soja e de milho podem ser substituídos por sementes de algodão, por exemplo.”

As atuais cotações domésticas do milho, em termos reais, são as maiores desde meados de 2013, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A saca de 60 quilos no interior de São Paulo valorizou-se 18% apenas na parcial de janeiro, desde 30 de dezembro. O Indicador Esalq/BM&FBovespa, referente à região de Campinas, fechou ontem a R$ 43,46/saca.

Desde setembro de 2015, período em que o dólar começou a subir acentuadamente ante o real, esta mesma referência para o milho acumulou alta de 51,48% – em 1º de setembro de 2015 o indicador marcou R$ 28,69/saca. Se para os produtores a valorização é bem-vinda – ainda mais em um momento de alta dos insumos -, para os compradores, o cenário é de margens cada vez mais reduzidas.

Os suinocultores do Rio Grande do Sul, por exemplo, já trabalham com prejuízo, segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Luis Folador. Segundo ele, atualmente a saca de 60 kg do milho está em torno de R$ 40 na região. Com isso, o custo de produção do suíno, de R$ 3,40/quilo, está acima do preço pago ao produtor, de R$ 3,10/quilo. Nesta mesma época em 2015, a situação era bem mais confortável para o criador gaúcho. O custo de produção era de R$ 2,90/quilo e o valor recebido era de R$ 3,88/quilo.

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