? O dólar (valorizado) vai dar uma competitividade maior para o setor ? afirmou, em entrevista a jornalistas.
Segundo ele, a valorização do dólar começará a se refletir no valor das exportações dentro de 30 a 45 dias. Em contrapartida, o dirigente destaca o efeito negativo das dívidas em dólar contratadas pelas empresas.
? A alta do dólar tem impacto nas empresas, pelas aquisições, que geraram aumento dos compromissos financeiros, mas tem o reflexo positivo na competitividade ? disse.
Em relação à queda do volume embarcado, Camardelli apontou algumas razões, tais como a redução do número de abates, o dólar desvalorizado – antes da recente alta -, a crise nos países árabes, que atingiu mercados importadores da carne brasileira, como Egito, Argélia e Síria.
? Mesmo com queda do volume há aumento de preços ? explicou, acrescentando que os preços médios devem subir 20% este ano.
Sobre o embargo russo à carne brasileira, o dirigente destacou que a indústria brasileira tem capacidade para atender às exigências.
? Estamos fazendo uma quantidade significativa de análises paralelas, em cima das que deram resultado positivo a algum tipo de micro-organismo ? afirmou. Segundo ele, o setor está preparado para receber a comitiva de técnicos do governo russo ao Brasil, programada para o fim de outubro e início de novembro.
De acordo com ele, as vendas para a Rússia devem avançar de agora em diante, pela proximidade do final de ano e a necessidade do Brasil atingir as cotas de embarque do produto. Em setembro, a Rússia respondeu por 22% do total exportado pelo Brasil.
Camardelli manifestou a preocupação do setor em relação aos focos de febre aftosa registrados no Paraguai. Ele comentou que essa situação pode trazer benefícios comerciais, pela proximidade do país com o Brasil.
? Mas sempre que há uma ocorrência negativa para o setor, ninguém ganha com isso ? ponderou. O dirigente salientou que o setor tem confiança na resolução dos problemas.
De janeiro a setembro, as exportações totais de carne bovina somaram US$ 3,563 bilhões, o que representou uma alta de 3,8%. Já o volume total embarcado recuou 21% no período. Em compensação, os preços médios nos nove primeiros meses do ano avançaram 30,6%.
Do total exportado nos primeiros nove meses do ano, a carne bovina in natura representou US$ 3,082 bilhões, com aumento de 3,89% ante o mesmo período de 2010. O volume, no entanto, recuou 20%, para 610,098 mil toneladas. O preço médio do produto teve elevação de 29,26%, para US$ 5.021,80/toneladas. Já a receita cambial com carne industrializada ficou no período em US$ 480,625 milhões (mais 3,80% ante 2010). O volume exportado foi de 79,426 mil toneladas, correspondendo a uma redução de 27%. O preço médio do produto embarcado ficou em US$ 5.976,19/toneladas, alta de 41,27% sobre o mesmo período do ano passado.