Em 2008 a atividade viveu duas realidades diferentes no Estado. No primeiro semestre, a valorização do boi gordo indicava que este seria um ano bom para a pecuária. A arroba atingiu preços históricos, na casa dos R$ 90. E a grande conquista veio no início de julho, quando Mato Grosso do Sul voltou a ser reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa com vacinação. Mais uma vez as portas dos principais mercados compradores de carne bovina estavam abertas para o produto sul-mato-grossense.
Mas o otimismo deu lugar à cautela e à preocupação na metade do segundo semestre. Com o avanço da crise econômica internacional, a pecuária não conseguiu manter os bons resultados do início do ano. O setor acompanhou a queda vertiginosa do preço da arroba, que hoje custa cerca R$ 72 no Estado, insuficiente para cobrir os custos de produção.
A situação já faz o pecuarista Deocleciano Zeni pensar em repetir o que fez há três anos, durante a crise provocada pela febre aftosa: se desfazer de 40% parte das matrizes da fazenda em janeiro.
? Sem dinheiro está inviável investir na atividade e mantê-la como está. O jeito é reduzir os custos, diminuído a produção ? diz ele.
Os problemas no campo também chegaram às indústrias. Alguns frigoríficos não conseguiram resistir à crise financeira e fecharam as portas. Outros reduziram as escalas de abate e diminuíram a mão-de-obra. Em todo o Estado, as demissões e férias coletivas atingiram seis mil pessoas, conforme o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Alimentícia. No entanto, apesar da dura realidade enfrentada no fim do ano, as lideranças do setor apostam na recuperação da pecuária em 2009. A expectativa é de que o campo ajude a mostrar o caminho para sair da crise.
? O produtor rural está acostumado a lidar com as crises e vai servir de exemplo para a sociedade, superando as dificuldades ? afirma o presidente da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ademar Silva Júnior.