Na Semana Mundial de Uso Consciente de Antibióticos, especialistas e técnicos participaram do debate sobre resistência antimicrobiana nas saúde animal e humana.
O evento foi promovido nesta quarta-feira, 20, pelo Ministério da Agricultura, o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-Americana da Saúde (Panaftosa-Opas/OMS), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA Brasil), a Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Todo mês de novembro, especialistas do mundo todo buscam promover conscientização global sobre o uso adequado de antibióticos, incentivando as melhores práticas entre o público em geral, os profissionais de saúde e os formuladores de políticas, para evitar o surgimento e a propagação da resistência a estes produtos. O slogan da campanha deste ano é “O futuro dos antibióticos depende de todos nós”.
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Uma das maiores autoridades do Brasil na questão da resistência aos antimicrobianos, Marcelo Pilonetto, professor de Microbiologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) e microbiologista do Laboratório Central (Lacen) do PR, alerta que, em 2050, uma morte a cada três segundos será causada por bactérias resistentes aos antibióticos, totalizando 10 milhões de mortes ao ano.
“Precisa controlar o uso pelos médicos, nos hospitais, alimentação animal, rejeitos e estações de tratamento de esgoto que podem ter microrganismos multirresistentes, sendo necessário um esforço atendendo ao conceito de Saúde Única, com cada uma destas áreas agindo de maneira integrada”, aponta o professor, que defende o desenvolvimento de novos medicamentos por parte de pequenas indústrias, inovadoras, com o uso da biotecnologia e custo menor.
Pilonetto acrescentou que o agronegócio tem avançado na atuação contra a resistência aos antibióticos.
Na abertura do evento, durante o painel político, o secretário adjunto de Defesa Agropecuária, Fernando Mendes, reforçou o compromisso político e institucional do ministério com a execução do Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos, no âmbito da agropecuária (PAN-BR AGRO), que prevê o uso racional dos medicamentos, aumento da supervisão veterinária, regulamentações e articulação entre os diferentes setores. “Uma pauta muito ousada [combate à resistência antimicrobiana animal] para ser enfrentada diante do cenário previsto para 2050”, disse.
A auditora fiscal federal agropecuária da Coordenação-Geral de Medicamentos Veterinários do ministério, Suzana Bresslau, detalhou as ações adotadas nos últimos anos para o uso racional de antibióticos, baseadas na Regra dos Cinco Somentes da OIE:
- 1 SOMENTE: use antimicrobianos quando prescrito por um veterinário;
- 2 SOMENTE: quando necessário: antimicrobianos não curam toda infecção;
- 3 SOMENTE: adquira antimicrobianos de fontes e distribuidores autorizados;
- 4 SOMENTE: use a dosagem prescrita e respeite a duração do tratamento e período de retirada;
- 5 SOMENTE: use antimicrobianos associado a boas práticas de saúde animal.
A coordenadora da Aliança para o Uso Responsável de Antimicrobianos, Sheila Guebara, destacou que entidade, integrada por diversas associações do setor privado, visa trabalhar de forma alinhada e em apoio ao PAN-BR AGRO, em face das múltiplas demandas para a cadeia produtiva de proteína animal.
O evento também teve a participação da gerente de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Magda Costa, que falou sobre ações da Anvisa para redução da incidência de infecções e a otimização do uso racional de antimicrobianos.