O coordenador de pecuária da Famato, Carlos Augusto Zanata, disse que, há muito tempo, as indústrias frigoríficas vinham pagando ao produtor 30 dias depois.
? Este modelo de comercialização ficou tão natural que passou a fazer parte da rotina do pecuarista, que durante anos se esqueceu da possibilidade de se vender boi de outra maneira ? disse ele.
Zanata calcula que, em função da inadimplência dos frigoríficos, deixaram de circular no Estado cerca de R$ 140 milhões, que provavelmente seriam aplicados em investimentos no setor.
O presidente da Famato, Rui Prado, afirmou que a mudança se deve à campanha “Gado só à vista” iniciada em junho de 2009, juntamente com outras entidades de classe da região Centro-Oeste. Segundo ele, os prejuízos provocados pela crise financeira e o medo de novos calotes contribuíram para que a classe produtora se organizasse para implantar o novo modelo, iniciando assim as vendas só à vista. Prado acredita que a mudança de atitude não se limitará somente à carne. Outros produtos oriundos da cadeia pecuária, como o leite, também deverão seguir na mesma linha de negociação.
Segundo o Imea, o rebanho bovino de Mato Grosso é de aproximadamente 27 milhões de cabeças. No primeiro trimestre deste ano, as exportações de carne bovina de Mato Grosso somaram 47.237 mil toneladas (equivalente carcaça), volume 1,19% inferior ao do último trimestre do ano passado, mas 34,8% superior ao embarcado em igual período de 2008.
Os dados do Ministério da Agricultura apontam que o abate de bovinos nos estabelecimentos sob inspeção federal somou 949,58 mil cabeças nos primeiros três meses deste ano, volume 7,5% superior ao registrado no primeiro trimestre do ano passado (883,59 mil).