? Se o Minerva não se mexer em breve, não duvido que seja comprado por alguém. O apetite da JBS-Friboi, por exemplo, está bem grande ? afirma o analista da Link Investimentos, Rafael Cintra, que recomenda a compra das ações ordinárias da empresa (BEEF3).
Para ele, ainda existe espaço para a companhia, pois o pecuarista não quer ficar na mão de poucos players.
Caso o frigorífico aproveite o movimento de consolidação, Cintra aposta na aquisição do Independência, que está em processo de recuperação judicial. Mas tanto a Marfrig quanto o JBS-Friboi já estão de olho nos ativos do quase falido frigorífico.
Apesar de estar bem longe dos dois maiores, a analista do BB-Investimentos Jane Lima descarta que o Minerva seja comprado.
? Por ser empresa familiar, pela história da companhia, não acredito que ela seja adquirida. Pode até acontecer, de repente, uma associação com outro frigorífico, como JBS-Friboi, mas, mesmo assim, acho difícil ? disse.
Lima acha que a empresa voltará às compras em breve, com aquisições que caibam no orçamento dela, ou seja, de frigoríficos menores, como o Mataboi e o Independência, e não acredita que o Minerva possa seguir a estratégia de diversificação.
? Acredito muito na capacidade de crescimento do Minerva, sua gestão é bem estruturada. Porém eles estão ‘pecando’ um pouco na estratégia, não enxergo um norte ? declarou a analista, cuja recomendação para a companhia está em revisão.
Cálculos do analista de investimentos da Gradual Corretora Kleber Hernandez mostram que, como valor de mercado, o Minerva seria um bom alvo para os frigoríficos maiores. Enquanto o Minerva possui um valor de mercado ao redor de R$ 646 milhões, a Marfrig possui R$ 4,6 bilhões e a JBS-Friboi, R$ 12,8 bilhões.
? No entanto, se pensarmos do lado da estratégia de mercado do Minerva, que é uma empresa que adota uma postura mais conservadora em termos de aquisições, mas mais racional em termos de melhora na eficiência produtiva, acredito que a empresa não teria interesse de ser negociada no momento ? declarou.
Para o especialista, em vez de buscar aquisições de empresas, o Minerva deve investir em ampliação de centros de distribuição, por exemplo.
Na segunda-feira, o Minerva terminou uma operação financeira de subscrição privada de ações na qual foram subscritas 29,030 milhões de ações, ao preço de emissão de R$ 5,30 por ação, resultando no valor de R$ 153,862 milhões. O total de aumento de capital social, que ainda está sendo realizado, será de R$ 159 milhões.
Quando explicou o motivo da operação, o diretor-presidente do frigorífico, Fernando Galletti de Queiroz, disse que era para se preparar financeiramente para a consolidação do setor.
? O nível de alavancagem cresceu porque o investimento que foi feito em capex (imobilizado) não gerou o incremento de Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) esperado tão rapidamente. Com uma estrutura de capital mais sólida, estaremos prontos para a consolidação do setor, que ainda vai continuar forte ? disse, na ocasião.
O executivo ressaltou que o Minerva, entre os outros players do setor, foi o que menos investiu em aquisições, mas foi o que mais cresceu em ‘greenfield’ (novos projetos).
? O que nos deixa em uma posição única ? acrescentou. Para este ano, a empresa investirá R$ 70 milhões no total. Já para 2010, a previsão é de que os aportes sejam de R$ 10 milhões por trimestre, somando R$ 40 milhões no ano.
Em declarações recentes, o executivo rebateu a visão de alguns analistas de que o Minerva estaria na berlinda, com as expansões da Marfrig e da JBS-Friboi.
? Quando se trata de negócios, não se pode descartar nenhuma alternativa. O Minerva está sempre sendo olhado e olhando, mas a prioridade agora é seguir com a política de crescimento sustentável e estável ? disse.