Apesar do clima pesado da reunião, marcada por desabafos de credores exaustos com a demora das negociações, é alta a expectativa de acordo no próximo encontro. Segundo o diretor executivo do Quatro Marcos, Jonas Salles Filho, as instituições financeiras já sinalizaram positivamente para a possibilidade de aprovação do novo plano de recuperação judicial, disponibilizado no site da empresa na última quarta, dia 27. Porém, não quiseram votá-lo nesta sexta.
A consultoria KPMG, contratada pelo Quatro Marcos a pedido dos bancos, para analisar a viabilidade econômica da empresa, teria entregue apenas ontem à noite relatório ratificando as informações prestadas pela empresa aos credores durante o processo de recuperação, tanto em relação aos balanços já apresentados como sobre as projeções elaboradas para o faturamento. Como tiveram acesso ao documento apenas na véspera da assembleia, alguns credores teriam solicitado tempo para analisá-lo.
Salles afirma, no entanto, que os bancos não quiseram deliberar nesta sexta por conta de detalhes burocráticos.
? Eles não quiseram votar o plano hoje porque não estávamos com toda a documentação preparada. Mas já concordaram com a nossa proposta ? afirmou o executivo do Quatro Marcos, citando escrituras e contratos entre esses documentos.
O plano
O plano de recuperação prevê a obtenção de novos financiamentos no valor de R$ 25 milhões, em dívida ou aporte de capital, para recompor as necessidades de capital de giro da companhia. Também autoriza o Quatro Marcos a “vender, locar, arrendar, onerar ou oferecer em garantia quaisquer bens de seu ativo permanente” nos períodos de carência e de pagamento aos credores.
O documento ratifica o direito de preferência da JBS Friboi na compra das unidades de São José dos Quatro Marcos e Cuiabá, arrendadas pela companhia de capital aberto. Caso a empresa não exerça o direito de preferência, a Quatro Marcos poderá alienar ou arrendar as plantas a qualquer outro interessado, conforme determina o plano.
A proposta de pagamento aos pecuaristas é de 12 parcelas mensais e consecutivas, com o primeiro vencimento 30 dias após a homologação do plano, indexadas à taxa Selic a partir de novembro de 2009 (data de instalação da assembleia).
A proposta dos produtores representados pela Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) é de que a correção pela Selic seja retroativa a 6 de janeiro de 2009, quando foi homologado o pedido de recuperação judicial do Quatro Marcos.
Os créditos trabalhistas serão integralmente pagos em até 12 meses, contados da data de homologação do plano, conforme propõe o plano. Já para os credores quirografários financeiros, o pagamento do débito seria realizado em 40 parcelas trimestrais, a partir de janeiro de 2012, considerado como valor a pagar o equivalente a 40% do valor total do crédito expresso na relação oficial de credores elaborada pelo administrador judicial.
A dívida do Quatro Marcos sujeita à recuperação judicial soma aproximadamente R$ 350 milhões, dos quais 90% estão concentrados em bancos. Os pecuaristas respondem por aproximadamente 5% do total e os credores trabalhistas, por 3%.
A primeira assembleia geral dos credores do Quatro Marcos, realizada no dia 20 de outubro, foi cancelada por falta de quorum. A segunda convocação ocorreu em 27 de outubro, e, desde então tem sido adiada. A próxima tentativa ocorreu no dia 12 de novembro, quando foi adiada para o dia 3 de dezembro. Nesse dia foi remarcada para esta sexta.