A proposta, disponível no site do Quatro Marcos, precisa ser avaliada pelos credores, entre eles o fundo de investimento privado (hedge fund) Tudor BVI, detentor de créditos de US$ 39,300 milhões. A dívida total do Quatro Marcos na época do início do processo de recuperação judicial era de R$ 427,869 milhões. Um novo encontro foi marcado para o dia 20 de junho, às 11h, no hotel Panamericano, na região central de São Paulo.
? O que eu tenho registrado é o pagamento de cerca de R$ 14 milhões a pecuaristas, metade do total de R$ 28,3 milhões, R$ 3 milhões a credores trabalhistas e US$ 4 milhões a credores PPE (pré-pagamento de exportação). Mas é necessária a atualização desses valores e quanto falta para pagamento ? afirmou na assembleia o administrador judicial do processo, o advogado Orival Salgado.
Os valores atualizados dos pagamentos efetuados e os que precisam ser quitados serão apresentados na próxima assembleia. Entretanto, um pré-levantamento realizado pela empresa indica que as dívidas atuais chegam a R$ 341,731 milhões.
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, pede paciência. Para o credor pecuarista, Luiz Miguel da Costa Rocha, o frigorífico deve pedir falência, já que não há indicativos de que a empresa voltará a funcionar.
O diretor do Quatro Marcos, Vanderlei Martim, explicou que a empresa suspendeu os pagamentos, porque não há recursos, tendo em vista não estar operando. Segundo ele, na proposta de modificação do plano, sugere-se a criação de uma empresa Sociedade com Propósito Específico (SPE), a qual deterá todos os débitos do Quatro Marcos.
Também nessa nova versão do plano, a companhia sugere, entre outras ações, a venda da unidade de São José do Quatro Marcos, hoje arrendada à JBS, para pagamento dos credores quirografários (pecuaristas e alguns financeiros) e a utilização dos créditos que o Quatro Marcos possui com a companhia Times, que adquiriu a unidade da empresa em Jales (SP).
Já a quitação dos credores PPE está sendo desenvolvida.
? Não havíamos colocado a unidade de São José para venda e pagamento aos credores porque ela tem um valor sentimental. Foi onde a empresa nasceu. Mas queremos pagar nossos credores e faremos o que for necessário ? disse o executivo, afirmando que já há um comprador interessado na unidade, sem citar o nome. Especula-se no mercado que seria a própria JBS.