Com uma produção anual de 5,6 mil toneladas de peixe, confirmada pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Plano Agrícola Municipal de 2013, Mato Grosso do Sul enfrenta o desafio de aumentar o rendimento composto principalmente por confinamento de espécies como Tilápia, Pintado e Pacu.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS) está preparado para preencher a lacuna de assistência técnica existente no setor e oferece desde 2014 o programa ATeG Piscicultura com objetivo de fomentar o aumento da produção, melhorar o processo de gestão do sistema produtivo e consequentemente fortalecer a cadeia de peixes produzidos em confinamento.
Um dos municípios que está se destacando no atendimento de Assistência Técnica e Gerencial é Laguna Carapã (ATeG), distante 283 quilômetros da capital sul-mato-grossense e que iniciou no mês de junho, orientação técnica para 18 produtores da região. No total, o programa está presente em sete municípios do estado e presta atendimento para 44 famílias.
Raio-X da atividade
O técnico responsável por atender o grupo de Laguna é André Luiz Nunes que destaca o perfil dos produtores e qual foi o diagnóstico inicial obtido entre os assistidos.
“O grupo que atendemos pode ser dividido em profissionais, com uma produção média de 25 toneladas de peixe por hectare em lâmina de água e os não profissionais, enquadrados na agricultura familiar e que utilizam a piscicultura como forma de complementar a renda familiar”, avalia o zootecnista.
Nunes observa que o funcionamento do ATeG Piscicultura apesar de recente, já identificou alguns problemas que diminuem o lucro da atividade em algumas famílias. “Diferente dos produtores que já estabeleceram uma produção intensiva e tecnificada existe uma parcela do grupo que ainda enfrenta dificuldade para desenvolver a atividade. No entanto, testemunhamos que estão animados para aprimorar os conhecimentos sobre manejo”, acrescenta.
Edemar de Souza é proprietário de uma área com 12 tanques escavados e há três anos se dedica a produção de peixe confinado. Ele conta que utiliza cinco reservatórios para engorda, dos quais obtém uma produção mensal de aproximadamente seis toneladas. “Acredito no crescimento da atividade, mas, nós produtores enfrentamos alguns gargalos como preço dos insumos e o valor pago pela indústria. No entanto, estamos satisfeitos com o atendimento do Senar/MS e acredito que devemos estar sempre dispostos a aprender e atualizar nossos conhecimentos”, destaca.
Para o policial militar Antônio Vieira da Silva, dono de uma chácara no município, a assistência técnica está contribuindo para o aumento da produção, aproveitando o melhor do espaço existente no local. “O técnico me mostrou que ainda tenho muito que aprender sobre manejo e estou animado com as orientações recebidas. Atualmente tenho três tanques e crio espécies como Pacu, Pintado e Patinga (híbrido de Pacu e Pirapitinga da Amazônia) por sua precocidade e demanda no mercado”, argumenta.
O coordenador do programa ATeG Piscicultura, Pedro Bigaton salienta que os interessados em participar do programa podem procurar o sindicato rural de sua região, que evidencia a demanda e atua na mobilização das turmas. “Atualmente temos produtores em Campo Grande, Jaraguari, Dourados, Ponta Porã e Laguna Carapã totalizando 75 famílias. Nossa meta em 2016 é de quase dobrar os produtores a serem atendidos, visto que iniciamos o ano com 44 famílias e devemos encerrar o período com 80”, conclui.
Segundo o presidente do sindicato rural, João Firmino Neto, os produtores de peixe aprovaram a assistência e comenta que já existe uma lista de espera para aderir ao programa. “O trabalho aqui está bem encaminhado e os participantes estão gostando muito. Tanto que temos mais pessoas interessadas em fazer parte do ATeG Piscicultura, uma iniciativa que com certeza irá consolidar a produção de peixe em confinamento na região”, finaliza.