Na Fazenda Manhosa, no interior de Uberlândia, Minas Gerais, são 43 vacas em lactação. O pecuarista Rodrigo Marques, que tem experiência de 15 anos com a produção de leite, sente que o cenário mudou nos últimos anos e decidiu investir mais na atividade. Devido à estabilidade nos preços, aumentou em 50% a produção, hoje estimada em 1,090 mil litros por dia. Este ano o menor valor recebido pelo litro de leite foi R$ 0,89.
– O mercado está bem favorável para a atividade. Temos conseguido aumentar a produção de milho e soja a cada ano e consequentemente vem a produção de leite. Tem sido bem mais favorável do que em relação a anos anteriores, não só na questão dos preços do leite que tem se mostrado bastante vantajoso como também a oferta de produtos na alimentação – aponta.
Otimismo suficiente para continuar investindo em genética e manejo para garantir uma produtividade sustentável na fazenda.
– Nós estamos objetivando um aumento de produção de 50% para esse próximo ano e para 2013 um crescimento de 25% na produção. Então pelos próximos dois ou três anos o mercado se mantém bastante favorável – relata.
Os produtores se mostram otimistas, mas o setor ainda enfrenta a pressão do leite importado. O que sustenta as boas perspectivas de futuro é o consumo que cresce no mesmo ritmo da renda da população, principalmente nos países emergentes.
– Nós tivemos vários acordos que fixaram a cota de leite importado principalmente vindo da Argentina. Fixou-se em numero, mas ainda não temos ideia de quanto se entra de leite em queijo mussarela por exemplo. Então a questão das importações ainda reflete muito no nosso mercado e têm prejudicado os preços pagos aos produtores – explica a presidente da Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu), Cenyldes Moura Vieira.
A cooperativa de Uberlândia recebe 170 mil litros de leite por dia. No último bimestre o mercado mostrou uma queda de 10% no litro do leite. Mas a cooperativa não estragou o Natal dos produtores e segurou a queda. A aposta é mesmo no crescimento do consumo do leite.
– Todas as vezes que temos aumento de renda familiar, a primeira demanda que se tem é por alimentos e os lácteos não ficam fora dessa demanda. Nesse ano de 2011 tivemos reconquista de preços na ordem de 20% a 30% para o produtor. Acreditamos que isso possa se manter em 2012 embora o cenário esteja um pouco incerto para as commodities agrícolas e a própria condição climática da região – conclui Cenyldes.