A propriedade do produtor rural Cléber Desconsi foi fiscalizada por técnicos da Iagro há duas semanas. Na plantação de 500 hectares de milho foram encontrados alguns pés de soja, o que é proibido durante o período de vazio sanitário. Como a quantidade era muito pequena o produtor não foi multado, mas foi orientado a eliminar as plantas o mais rápido possível.
Entre 1º de julho e 30 de setembro, o cultivo de soja é proibido em Mato Grosso do Sul. A medida é uma estratégia para reduzir o risco de surgimento de focos de ferrugem asiática durante a safra de verão. Quem descumprir a lei pode ser autuado, com multas que podem chegar a R$ 13.560.
No ano passado, metade da área destinada ao plantio de soja em Mato Grosso do Sul foi fiscalizada pelos agentes da Iagro. Ao todo, 17 propriedades foram autuadas. Em 008, o resultado até o momento é preocupante. Pouco mais de um mês depois do início do vazio sanitário, já foram registradas 47 autuações.
A surpresa é que a maioria das irregularidades foi registrada em São Gabriel do Oeste, onde a ferrugem asiática provocou perdas de aproximadamente 40% na produtividade das lavouras de soja na última safra. Para a Iagro, o aumento na quantidade de infrações tem dois motivos: a intensificação das fiscalizações e a falta de conscientização de alguns produtores.
A fiscal Marise Garcia comenta que, infelizmente, alguns produtores ainda não tem consciência da importância do vazio sanitário e dos riscos que o não cumprimento da lei pode trazer, como, por exemplo, a exposição maior à incidência de ferrugem da soja. Além de cumprir o vazio sanitário, os produtores também devem informar à Iagro a área que vão cultivar com soja. O registro é obrigatório e o descumprimento também gera multas.
Segundo Garcia, o objetivo do registro, que pode ser feito pela internet, é ampliar o controle da iagro sobre a área de soja plantada no Estado e com isso aumentar a eficiência da cobertura e proteção da sanidade vegetal em caso de doenças (como a ferrugem).
Além de Mato Grosso do Sul, os Estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Bahia e Paraná adotaram o vazio sanitário este ano. As datas da campanha variam em cada região. Na última safra foram notificados 2.106 focos de ferrugem, que é considerada o principal problema da cultura da soja.
De acordo com o Consórcio Anti-Ferrugem, desde 2001, quando foi registrado o primeiro caso no Brasil, a doença provocou a perda de mais de 14 milhões de toneladas do grão, um prejuízo que supera a casa dos US$ 3,3 bilhões.