– Às vezes, quando se arma um temporal, precisamos sair de casa às 4h para cobrir o local onde os animais estão alojados. Com essa onda de calor, também é preciso atenção – diz Adelaide.
O tempo entre o nascimento e o abate dos perus é de 12 a 13 semanas. A base da ração é a mesma do frango, mas como o animal tem grande porte, o volume consumido é maior. Há anos, os perus concorrem com opções como Chester, Bruster e Fiesta. Mas desista de ver diferenças ou de identificar um “chester” vivo. Não são aves distinta, apenas nomes comerciais de diferentes empresas para superfrangos alimentados com a mesma ração dos frangos comuns, com acréscimo de suplementos naturais de vitaminas para desenvolver mais peito e coxa.
O abate é feito quando o animal pesa entre 4 quilos e 4,5 quilos. O Chester foi desenvolvido pela Perdigão nos anos 1980. A Sadia criou o Fiesta para entrar na concorrência neste mercado, enquanto a LeBon começou a produção do Bruster. Também existem marcas como Classy, da Seara, Freski, da Batavo, e Maister, da Languiru.
– Foi uma estratégia para atrair o consumidor que não queria ficar refém dos perus no fim de ano – explica o diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.
Nem preço mais salgado afasta compradores
Tão tradicional como a presença de aves na ceia de Natal é a alta no preço do produto já a partir do mês de novembro. Neste ano, porém, com o aumento dos valores do milho e do farelo de soja, usados na ração de aves, o reajuste foi ainda maior, como observa a analista da Scot Consultoria Pamela Alves. Apesar disso, o poder de consumo do brasileiro faz com que a demanda para o período se sustente no mesmo patamar.
– A tendência é manter esse aumento de preço até o fim do ano. Mas neste período ainda entra o 13º salário, há mais dinheiro circulando, e isso ajuda a manter a demanda em alta – salienta Pamela.
Com o aumento no custo de produção das aves em até 30% neste ano, conforme a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), o preço do produto nos supermercados ficou 15% maior. Mesmo assim, a expectativa é de uma expansão de 10% nas vendas em relação ao ano passado segundo pesquisa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas).
– Nosso levantamento apontou que cada ceia terá em média 14 pessoas, e as aves natalinas podem alimentar até 10 pessoas. Mesmo com a alta, o prato principal da ceia ainda será peru ou aves temperadas – ressalta o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
Estimativas dos varejistas apontam que a venda desse tipo de produto some R$ 25 milhões no Rio Grande do Sul. A projeção é reforçada pela pesquisa da Agas, em que 36,5% dos consumidores dizem que não pode faltar peru na ceia de natal e outros 22,5% não querem pôr a mesa sem aves natalinas – as vendidas com marcas como Chester, Bruster, nomes formados por palavras que, em inglês, significam ou se parecem termos usados para definir “peito” com o final “er”, usado no idioma para indicar maior.
Neste ano, foram abatidos 5,14 milhões de perus no Estado, segundo a Asgav. Isso representa um volume de 46 mil toneladas, 12% acima do registrado no mesmo período de 2011. Entre as aves natalinas, foram 10 milhões de animais abatidos, o equivalente a 45 mil toneladas de carne, alta de 10% em relação ao ano passado.