Ela se manifesta por meio de diarreias e, nos casos mais graves, de hemorragias no sistema digestivo e problemas renais. Os casos se concentram nos arredores de Hamburgo, norte da Alemanha. Mais de 1,5 mil pessoas em oito países da Europa já manifestaram os sintomas. O RKI informou nessa quarta, dia 1º, 365 novos casos, um quarto deles envolvendo síndrome hemolítica-urêmica, uma complicação de um tipo de E. coli, a Escherichia coli produtora de toxina shiga (STEC), que pode ser fatal.
A União Europeia informou que três casos foram registrados nos Estados Unidos e que a maior parte das contaminações relatadas fora da Alemanha envolve alemães ou pessoas que viajaram recentemente ao país.
Os números do RKI contradizem o comissário da Saúde da União Européia, John Dalli. Segundo ele, o índice de novos casos parecia estar em declínio. Mesmo assim, ressaltou a gravidade do surto.
? Nos últimos dias, nós temos enfrentado uma grave crise ? disse Dalli, descartando, ao mesmo tempo, a proibição a qualquer produto ou um alerta para que as pessoas não viajassem a Hamburgo.
Em Hamburgo, as autoridades de saúde mantinham as análises em restaurantes, mercados e lojas para tentar descobrir os vetores da bactéria. A cidade lançou pedidos de doação de sangue. O RKI mantém suas recomendações para que as pessoas evitem o consumo de saladas, tomates e pepinos crus. Além disso, o Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos anunciou a criação de um novo teste, em parceria com pesquisadores franceses da Agência Nacional de Segurança Sanitária, para detectar a bactéria em alimentos.
Pepinos espanhóis
A Comissão Europeia menciona uma crise de consumo em toda a Europa, com uma diminuição radical da demanda por frutas e legumes, e não apenas por pepinos, segundo um de seus porta-vozes. Espanha, Holanda e Alemanha pediram ajuda à União Europeia frente a queda de suas vendas nesse setor.
A tese inicial, de que pepinos importados da Espanha seriam a fonte da contaminação, levantou uma contenda internacional. A Comissão Europeia suspendeu nessa quarta, dia 1º, o alerta sanitário dado contra os pepinos espanhóis após a denúncia errônea das autoridades alemãs sobre uma relação entre esses produtos e a bactéria E. coli. O ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, disse que a Espanha pode tomar ações legais contra autoridades de Hamburgo, que inicialmente culparam os produtores de pepino espanhóis pelo surto.
De acordo com o jornal The Financial Times, os agricultores espanhóis temem perdas de 200 milhões de euros por semana. A Holanda, outro exportador, também foi atingida. Metade de sua colheita é exportada para a Alemanha, e a indústria perdeu quase todo o seu rendimento com os pepinos desde o início do surto. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil só compra da Espanha pepinos em conserva ? não crus, como os suspeitos de provocar as mortes.