Foi no final da década de 1980 que a cidade começou a receber investimento de empresários cariocas do turfe. O principal atrativo das terras bajeenses era a combinação de clima, relevo e solo.
– Estações bem definidas, solo rico em nutrientes, com quase 400 diferentes espécies de plantas, e um relevo sem grandes ondulações são ideais para criação de um cavalo de corrida. Bagé tem todos os atributos – explica o gerente executivo da Associação Brasileira de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida, Ricardo Ravagnari.
No final da década de 1990, uma égua lançou Bagé no cenário do turfe. Riboletta, do haras Santana do Rio Grande, foi eleita a melhor égua dos Estados Unidos. A chegada de garanhões de várias partes do mundo para o cruzamento com éguas também contribui para a divulgação do município como nicho de criação. Os exemplares, acompanhados de treinadores, passavam quase seis meses na cidade e divulgavam, ao retornar para o Exterior, as potencialidades de Bagé.
No ano passado, o reprodutor americano Elusive Quality foi levado à temporada de monta. Cada tentativa de cruzamento custou US$ 25 mil.
Para a temporada 2011, quatro proprietários de haras trouxeram o cavalo alemão Manduro, avaliado em cerca de US$ 30 milhões, pertencente a um árabe. O ganharão cobriu 123 éguas. Cada prenhez custou US$ 8 mil.
– A contribuição genética que esse animal deixará aqui não tem preço. Com uma linhagem mais conhecida, já que foi considerado um dos melhores da Europa, os haras bajeenses ficam com mais condições de vender a descendência desse cavalo para fora do país mais adiante – diz Sérgio Nogueira, dono do haras Regina (um dos arrendatários do animal).
Desde 1980 em funcionamento, o haras Bagé Sul é o maior pensionato de cavalos puro-sangue ingleses da América Latina. Com mil hectares, tem 410 cavalos puro-sangue ingleses de 30 diferentes clientes. Um dos veterinários do haras, Emílio Borba, diz que o pensionato faz todo o trabalho que antecede o treinamento do cavalo de corrida. Os profissionais assistem ao parto, criam até os seis meses, fazem trabalho de recria e doma. Borba explica que um cavalo começa a correr com cerca de dois anos e meio e, se for bom, vira reprodutor, se aposentando das provas entre cinco e sete anos.
Avaliado em US$ 30 milhões, cavalo Manduro foi trazido para a temporada de monta deste ano