A baixa oferta de gado de reposição tem feito com que os preços batam recordes reais este ano. Conforme relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), na parcial de outubro do indicador Cepea o bezerro negociado em Mato Grosso do Sul registra média de quase R$ 2,3 mil, valor 26% superior ao preço de janeiro, em termos reais, a preços desta quarta-feira, 28.
“Trata-se da alta mais intensa para esse período desde 2014, quando uma forte seca prejudicou a produção pecuária nacional e resultou na valorização de 23,4% no preço do gado de reposição”, observa o centro de estudos. Além da quantidade limitada de animais de reposição, a demanda está aquecida, por causa dos valores recordes do boi gordo.
“Agentes do mercado consultados pelo Cepea acreditam que o movimento de avanço nos valores da reposição deve seguir firme, fundamentados no baixo volume de chuva nos últimos meses, que tende a atrasar a estação de monta”, observa o relatório. A demanda está aquecida desde o segundo semestre do ano passado, quando a China reforçou as compras de carne bovina do Brasil.
“Este contexto fez com que frigoríficos intensificassem as compras de novos lotes para abate, o que, consequentemente, aqueceu a demanda de pecuaristas recriadores e terminadores por animais de reposição.” A arroba do boi gordo, por sua vez, também tem batido recordes por causa da escassez de animais terminados e da demanda exportadora, segundo o Cepea.
Nesta semana, o indicador do boi gordo Cepea/B3 chegou à casa dos R$ 270 por arroba, atingindo, portanto, novo recorde real diário da série histórica do Cepea, iniciada em 1994 (os valores diários foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). Na terça-feira, 27, o indicador fechou a R$ 274,70, superando o recorde real anterior, de R$ 269,87, que havia sido observado em 29 de novembro de 2019 (naquela data, o valor nominal do boi foi de R$ 231,35).
Na parcial de outubro, o Indicador registra avanço de 7%. A carne também tem subido de preço no mercado atacadista da Grande São Paulo, tendo sido negociada a R$ 17,75 o quilo à vista na terça-feira, alta de 6,73% na parcial de outubro.