Três meses em alto mar e já são muitas as novidades na vida de Wellington Ferreira. Pescador experiente, ele teve que aprender uma técnica inédita de pesca oceânica. Isso sem falar no desafio de falar com os colegas japoneses.
Wellington é um dos tripulantes da primeira embarcação que ancorou no Porto de Natal, no Rio Grande do Norte. Na bagagem, 120 toneladas de atum capturados a uma profundidade de até 400 metros.
? No recolhimento do material a gente fica 12, 13, 14 horas para terminar de recolher. O lançamento é mais rápido, cinco horas, cinco horas e meia ? disse Wellington.
Assim que capturados em alto mar, os peixes são armazenados em uma câmara de congelamento, onde a temperatura é de – 60ºC. Isso permite que o pescado continue fresco por até oito meses. No método convencional o prazo é de apenas 15 dias.
Segundo o presidente da Atlantico Tuna, Gabriel Calzavara, com esse método pode-se ter um planejamento melhor. O representante da empresa japonesa explica que a fase experimental será de dois anos. Neste período, pouco mais da metade do pescado será exportada para o Japão e, o restante, vai abastecer o mercado interno.
O representante da empresa japonesa, Masaaki Nakamura, afirma que a parceria é importante para o Japão, pois os pescadores brasileiros são muito qualificados e geram confiança para o mercado daquele país.
O Brasil tem uma cota de 25% para a captura de atum nas águas do Atlântico, mas só consegue atingir 2%. A ideia é dobrar a produção, que hoje não chega a 5 mil toneladas ao ano.
Por enquanto, 54 pescadores foram treinados emergencialmente para atuar nas 10 embarcações. Mas, até outubro, um centro de formação vai qualificar 80 profissionais por semestre.
O japonês Nakayama é o exemplo para quem está começando. Desde que veio para o Brasil, há 42 anos, ele se dedica à pesca. Chegou ao posto máximo: comandante de navios, por isso, voltar ao Japão, definitivamente, não está nos seus planos.
A equipe do Canal Rural viajou para Natal a convite da empresa Atlântico Tuna.