Segundo o assessor de novos produtos da Bolsa, Edílson Alcântara, ainda é preciso criar uma nova cultura no setor.
– Estamos trabalhando com mudança de cultura. Estamos falando de um negócio que há mais de 100 anos é feito do mesmo jeito. O pecuarista liga para o frigorífico, o frigorífico vai lá e abate. Isso vem de várias gerações – afirma.
A medida recebe apoio do setor produtivo. Mas para o coordenador do Centro Boi, da Federação da Agricultura do Mato Grosso, Francisco de Assis Amaral, é preciso que o produtor demonstre interesse na operação.
– O produtor tem que querer. Ele tem o poder de fogo na mão. Se ele quiser negociar via bolsa, tem que bater o pé e dizer que só negocia via bolsa.
Segundo as regras do chamado Bolsa da Carne, as indústrias precisam depositar 90% do valor dos animais 48 horas antes da retirada do gado. Os outros 10% precisam ser depositados em até dez dias úteis na conta de liquidação da bolsa. Quem não cumprir o contrato paga multa de dez por cento à parte lesada. Amaral reclama que muitos frigoríficos não querem aderir à Bolsa.
– Não tem muito frigorífico que queira aderir. Se uma das partes não quer, aí fica difícil.
Para Alcântara, os pecuaristas devem ficar atentos com as negociações diretas com a indústria, principalmente num momento em que o mercado sofre com a inadimplência dos frigoríficos.
– É um processo que estamos vivenciando. Temos que convencer os frigoríficos de que este é um bom negócio para eles também. E o pecuarista também não pode dar crédito para os frigoríficos porque quem dá crédito é banco.
O representante da Bolsa Brasileira de Mercadorias informa que parcerias com federações de agricultura estão sendo feitas para divulgar e fomentar o programa. Alcântara afirma que a receptividade dos produtores quanto aos moldes da operação é positiva.
A reportagem procurou representantes da indústria para comentar o assunto, mas não houve retorno.